A radicalização do imperialismo e a luta de classes



Pedro César Batista

A luta de classes se radicaliza a todo momento, o que leva o imperialismo a aprofundar a sua agressividade, ataca a soberania dos povos, impõe o neoliberalismo, retira direitos dos trabalhadores e rearticula as forças mais extremistas, os fascistas, sionistas e nazistas, enquanto os trabalhadores, mesmo carecendo de uma consciência política elevada e de um projeto revolucionário, capaz de unir, organizar e mobilizar as bases, resistem e combatem em todo o mundo contra a opressão e a exploração capitalista.

A propaganda e agitação, historicamente uma característica das forças de esquerda, foram adotadas pela extrema direita, que usam as plataformas digitais como ferramenta de difusão massiva de suas concepções para manipular a história, consciências e incutir suas ideias em setores expressivos das massas trabalhadoras. A extrema direita atua diretamente junto aos setores populares, controla a mídia tradicional e os algoritmos, e usa parte significativa das igrejas neopentecostais como espaço de formação política fascista, sempre sustentada pelo capital financeiro, o latifúndio, as fintechs e setores militares, além de manter uma expressiva bancada nos parlamentos federal, estaduais e municipais em todo o Brasil.

Os trabalhadores sofrem com a desmobilização e inércia da imensa maioria de suas organizações sindicais e suas lideranças. Muitos quadros da esquerda se afastaram de suas bases e do meio da classe trabalhadora, algumas dedicam-se exclusivamente nas redes virtuais, com atuação de forma personalista e isolada, priorizando as plataformas digitais em busca de mais seguidores. Alguns influencers, com milhões de seguidores, não reforçam a organização e unidade no enfrentamento ao imperialismo e ao fascismo, com uma prática oportunista de esquerda, com posições sectárias e distante da realidade. O distanciamento entre as lideranças de esquerda e a base se evidencia nas ruas vazias.

A negação da luta de classes e do socialismo

Desde a queda da URSS tem sido comum ouvir por parte de setores de esquerda a negação do socialismo e da luta de classes, com a reprodução de discursos oriundos da burguesia e desenvolvendo práticas que terminam por fragmentar e confundir a classe trabalhadora. A defesa do empreendedorismo, o isolamento das lutas específicas das lutas gerais de classe, a falta de compreensão das contradições existentes no seio das classes dominantes e da composição diversificada das massas exploradas tem grande influência da desarticulação e divisão das forças de esquerda para o enfrentamento às forças reacionárias. Negar a defesa do socialismo em si significa reforçar o discurso do imperialismo, que difunde que a única saída é o neoliberalismo.

Estar junto às massas trabalhadoras, fazer debate histórico e político permanente sobre as contradições de classes, dar organicidade às lutas contra a exploração, o neoliberalismo e criar as condições necessárias para acumular força para derrotar, novamente, o fascismo e retomar as rédeas da história tem sido dito em muitos textos e discursos, porém poucos setores fazem esse trabalho de formação política e ideológica, com a mobilização e luta contra o sistema e à burguesia. Os setores mais expressivos, ou seja, as principais forças, não atuam para articular, unir e organizar todas as forças do campo progressista e da esquerda neta batalha de longo prazo e fundamental.

Por outro lado, a extrema direita, mesmo com suas contradições, sejam à nível nacional ou internacional, atua impunemente ao praticar seus crimes, como se comprova com o genocídio em curso em Gaza, o bloqueio imposto contra Cuba, Irã e Venezuela, reforçados com a envio de destroieres, marines e submarino nuclear pelos EUA para atacar o governo do presidente Nicolás Maduro. A Casa Branca está ocupada por nazifascistas, que desenvolvem continuamente a guerra híbrida contra governos de inúmeros países, financiando títeres e lacaios em todo o mundo.

Se os EUA, com vários governos nacionais subalternos atacam de maneira permanente povos, o que está sendo feito pelas forças progressistas e de esquerda para enfrentá-los? Podemos ver a disposição e coragem da resistência palestina, que sem um exército regular, nem armamentos sofisticados, segue combatendo e impedindo a destruição completa em Gaza. Vemos o papel destacado do governo islâmico do Irã como força que resiste e inspira povos no mundo inteiro no enfrentamento aos crimes dos sionistas e do imperialismo. O mesmo que tem sido feito pelo governo iemenita, que mostra a força da resistência contra o terror sionista. Assim como Cuba, que mesmo após 64 anos de um duro bloqueio econômico, enfrentando grandes dificuldades, mantem-se graças a unidade e organização de seu povo e a condução do Partido Comunista de Cuba. Na Venezuela, diante de permanentes ataques, com aproximadamente 1000 ações sancionando a nação bolivariana, o povo e as forças militares permanecem coesas, ocupando às ruas e dispostas a seguir com o projeto revolucionário. Na Nicarágua, verificamos a permanente mobilização em defesa da Frente Sandinista. No norte da África, acompanhamos a luta do povo saarauí, liderado pela Frente Polisário, contra a ocupação marroquina.



As lutas de vários povos em todo o mundo se veem nas ruas, com mobilizações em apoio ao povo palestino e contra os crimes dos imperialistas.

Generais fascistas no banco dos réus

No Brasil, neste momento que pela primeira vez na história generais fascistas e lacaios do imperialismo estão sendo julgados por seus crimes, as ruas estão silenciosas, vazias e apáticas. Os fascistas se articulam a partir de Washington, no Parlamento e em pequenos grupos, defendendo, mais uma vez a anistias aos golpistas. Querem repetir 1979, quando os torturadores e assassinos, fardados e civis, que deram o golpe em 1964, foram anistiados. O debate se dá nas plataformas e veículos de comunicação, sem o calor da materialidade das contradições existentes entre os projetos históricos que servem aos interesses das classes trabalhadoras e o capital.

Unidade e mobilização é o único para avançar na luta



As experiências históricas mostram que a desmobilização não serve à classe trabalhadora e ao povo, muito pelo contrário, somente com a ampla resistência das massas é possível barrar o fascismo e o imperialismo. E para se alcançar a mobilização é preciso a unidade de todas as forças de esquerda, populares e revolucionárias. Não há outro caminho para derrotar os inimigos dos povos sem unidade das forças populares e de esquerda.

Entender que neste momento histórico, a burguesia tem suas fraturas, as quais devem ser usadas e aproveitadas para que as forças progressistas e de esquerda construam uma unidade antifascista, anti-imperialista e em defesa da soberania nacional e da autodeterminação parece não estar sendo entendido.

O trabalho para buscar a unidade e coesão dos amplos setores que se coloquem contra o fascismo, instrumento imperialismo, deve ser o centro da ação. As Centrais Sindicais, os movimentos populares e sociais, partidos e grupos organizados precisam construir um programa mínimo de lutas, que possibilite retomar a mobilização popular, operária e camponesa em todo o Brasil.

O papel de liderar a unidade das forças antifascistas e anti-imperialistas deve ser das principais forças políticas, porém, se estas não corresponderem às necessidades históricas, é preciso que as dezenas de organizações menores se unam e criem as condições subjetivas para forjar a unidade e mobilização que a história exige para enfrentar e derrotar os inimigos da soberania dos povos, dos direitos da classe trabalhadora e do fortalecimento dos setores produtivos no enfrentamento com o capital na busca do socialismo.

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