A saída para derrotar o fascismo é consciência, organização e luta.
Para entender o resultado da eleição de 2024.
Pedro César Batista
Há um aprofundamento da exploração da classe trabalhadora, que se sujeita às piores condições de trabalho, sem direitos, com jornadas laborais que remontam o período pré-industrial, que chegam até 14 horas diárias, salários cada vez menores e uma profunda divisão entre trabalhadores e trabalhadoras; não se vê resistência, mobilizações e lutas para dar dignidade a quem produz as riquezas, que se acumulam mais e mais nas mãos de um punhado de burgueses que, com a tecnologia, tem uma taxa cada vez maior de lucro sobre o trabalho.
Os partidos que se colocam no campo à esquerda, cada vez mais se afastam do povo pobre, dos trabalhadores e se afundam em disputas internas para controlar o aparelho político, assim ter à disposição os fundos partidários e eleitorais. As eleições municipais refletiram a distância entre as massas e essas organizações. Os partidos e parlamentares se tornaram agencias para administrar fundos e emendas parlamentares, buscam manter suas clientelas e sua burocracia. Não desenvolvem o trabalho de formação política, no máximo orientações sobre como reproduzir a prática eleitoral e conservar o status quo. Nem se fala em transformação da sociedade, isso chega a ser proibido em muitos casos.
Os sindicatos não realizam mais o trabalho de formação sindical ou política, não vão às bases, nem conseguem arregimentar as categorias profissionais para fazer a defesa dos seus direitos. As centrais sindicais em verdadeiro processo de divisão celular se tornam cada vez mais frágeis e sem representatividade. Existem apenas para manter uma burocracia e profissionais para segurar faixas e participarem de manifestações esvaziadas.
A juventude está nas mãos de igrejas neopentecostais, que prometem o paraíso e a prosperidade, enquanto isso, onde estão as organizações estudantis? Vimos o governo manter o chamado novo ensino médio, que nada tem de novo, apenas resgata o acordo MEC-Usaid, de 1965, sem ocorrer nenhuma resistência, nem mesmo debates para evitar a formação de uma juventude que servirá apenas como mão de obra barata para o capital.
O debate sobre democracia virou uma repetição do discurso liberal imposto pela Casa Branca, reproduz o exemplo da homogeneidade de ação dos EUA, que independente de quem esteja no governo - Democratas ou Republicanos, seguem invadindo países, organizando guerras híbridas, controlando Estados Nacionais, onde colocam serviçais para governar ou exterminando o povo palestino em nome de suas mentiras. Democracia virou um voto que para nada serve, pois, a política econômica, independente de quem esteja no governo, segue pagando quase 50% do orçamento da União a título de juros de uma dívida sem fim, que sustenta bancos e especuladores que financiam candidatos nas eleições. Tudo como dantes no quartel de Abrantes.
A extrema direita avança, controla as riquezas, as armas, as redes sociais, a mídia hegemônica, está espalhada nas periferias em milhares de igrejas neopentecostais, nas milícias que dominam massas desesperadas, onde impõem o medo e a fazem a campanha contra os comunistas, que tomarão as casas que o povo não possui, as propriedades que não detém, mas conseguem fazer as massas acreditar nas fakenews do pastor, das redes e do discurso fascista que influência consciências e corações. Sem entender que é preciso estar no dia a dia nas portas das garagens de ônibus, das fábricas, dos centros comerciais, das escolas, das universidades, nos bairros populares, dentro do transporte coletivo e junto à classe trabalhadora fazendo o debate, a propaganda e mostrando a história das lutas que permitiram conquistas não reverteremos a realidade.
É preciso fazer permanentemente a denúncia sobre a retirada dos mais básicos direitos da classe trabalhadora, de que o capitalismo, em sua forma neoliberal e atual fase imperialista é o responsável pelo aprofundamento das dificuldades para viver e trabalhar, que é o sistema que faz a vida ficar cada dia mais difícil e sustenta um grupo cada vez menor de bilionários que controla tudo.
É preciso mostrar que é possível mudar tudo, o Estado, as condições de trabalho e a vida, assim sempre foi ao longo da existência humana, tudo sempre muda. Não existe milagre, nem é preciso reinventar a roda, a história das batalhas, lutas e combates dos explorados e oprimidos para que a humanidade avançasse deixou exemplos em grande quantidade. A arte, a poesia, o cinema, as leituras em grupos de estudo, os panfletos, as pichações em muros, a greve, os piquetes, a visita de casa em casa, reuniões pequenas em salas de aula ou portas de locais de trabalho precisam ser retomados.
Somente assim poderemos retomar o controle das lutas, das mobilizações e derrotar o fascismo, a violência, a mentira e o medo que usam para impedir a união e organização da classe trabalhadora.
Mãos à obra, caso contrário, infelizmente, virão tempos piores.
Ótimo artigo. Nosso programa em todas as cidades reproduziu esta falta de relação com o dia a dia. Nosso mérito como esquerda são os compromissos a direita não está apresentando novos caminhos para o tempo atual. Eles se apresentam com gritos, palhaçadas para não haver debate. Mas els tem dinheiro, igrejas e milícia.
ResponderExcluirO trabalho, organização e consciência militante e revolucionária poderão superar nossas debilidades.
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