A Internacional contra o fascismo e suas tarefas históricas



Pedro César Batista

O capitalismo vive uma de suas mais profundas crises, resultado de sua política de acumulação destruição, sua política criminosa contra os povos, que sofrem duros ataques às históricas conquistas da classe trabalhadora. Os EUA efetivam-se como uma central das corporações que saqueiam nações, destroem os Estados nacionais, provocam guerras e desenvolvem poderosas campanhas pelas redes sociais difundindo mentiras, disseminando o ódio, o medo e atacando os governos que não se sujeitam às imposições do grande capital e corajosamente defendem a soberania e autodeterminação. A Venezuela tem sido o epicentro desta campanha, que tem a finalidade de derrubar o legítimo governo do presidente Nicolás Maduro Moros, recém-eleito em uma eleição limpa, transparente e segura, na qual a população mostrou a disposição em seguir as transformações iniciadas por Hugo Chávez Frias. Na Palestina, os sionistas, sustentados pela organização terrorista denominada “israel”, seguem o extermínio do povo e a ocupação do território, iniciada em 1948. A Ucrânia, como uma ponta de lança da OTAN, faz ressurgir o nazismo, com mercenários que, depois de atacarem por 8 anos a população de Donetsk e Lugansk, continuam suas ações terroristas contra a Rússia, que os enfrenta. Este quadro que levou a realização do Congresso Mundial contra o fascismo, neofascismo e outras expressões similares.

O Congresso mundial contra o fascismo, chamado pelo governo do presidente Nicolás Maduro reuniu mais de 1200 delegados de 95 países, representando todos os continentes. Durante os dias 10 e 11 de setembro, foram apresentadas inúmeras análises sobre as tarefas que a humanidade tem no momento para derrotar as agressões do imperialismo. No final do encontro foi aprovado por unanimidade a fundação da Internacional contra o fascismo, com sede em Caracas. O congresso foi realizado na data que marcou o martírio de Salvador Allende, assassinado em combate durante o golpe em 11 de setembro de 1973, no Chile.

O congresso foi aberto pela vice-presidente da Venezuela, Delci Rodriguez, que destacou que o “fascismo é a vanguarda extremista do capitalismo”, os quais se utilizam de toda a violência, propagação de mentiras e ataques contra os povos para tentarem superar a crise que a burguesia enfrenta. A vice-presidente Rodriguez ressaltou que apesar de toda a agressão e covardia do imperialismo, sempre haverá resistência. “O povo Palestino tem sido o maior exemplo de resistência ao fascismo em sua vertente sionista”, disse. Assim como os povos de América Latina e Caribe enfrentaram cruéis ditaduras nas décadas de 1970/80, todas financiadas e organizadas pelos EUA, que deixaram um saldo de milhares de mortos, torturados, presos políticos e exilados, atualmente o imperialismo coloca governos que atuam contra os interesses nacionais, após intensas campanhas pelas mídias e redes sociais, como são os casos da Argentina, com Milei; do Equador, com Noboa; de El Salvador, com Bukele, e no Peru, com Boluarte. Na Venezuela ao longo de 25 anos tentam derrotar o processo bolivariano. Somente em propaganda contra o processo eleitoral de 28 de julho neste país foram gastos mais de 1 bilhão de dólares, com o uso da arma dos algoritmos. A extrema direita fascista não quer aceitar o resultado da eleição de 28 de julho, mas o povo venezuelano deu a resposta reelegendo Nicolás Maduro. A reação dos fascistas foram ataques terroristas, incendiando inúmeros prédios e assassinando 27 pessoas, entre os quais dois oficiais da Força Bolivariana. Um garoto de 13 anos, detido, confessou que matou porque as redes sociais diziam que tinha que matar todos os comunistas. Entretanto nada disso a imprensa mostra, segue difundindo o discurso da mentira e propaganda contra o resultado da eleição.

A grande batalha no atual momento é enfrentar é derrotar a guerra dos algoritmos, que propagam a morte, o ódio, a normalização do genocídio, como se vê com o extermínio do povo Palestino. Dia 7 de outubro fará um ano que os sionistas matam diariamente crianças, mulheres e homens em Gaza, isso depois de 76 anos de ocupação e ações terroristas contra o povo palestino. A grande imprensa e as redes passam a ideia que isso é normal e aceitável, chegam a difundir a mentira de que quem tem direito a se defender são os invasores, os assassinos sionistas.

A América Latina e o Caribe são a região mais desigual do planeta, com um punhado de parasitas bilionários, ligados às corporações que cada vez mais faturam às custas do sofrimento da população. E justamente por ser o governo bolivariano o que mais investiu em transformações e distribuição de riquezas, a partir de 1999, possuir a maior reserva petrolífera do mundo, tem sido o alvo principal dos ataques dos EUA. O mesmo que enfrenta Cuba, com um cruel bloqueio há 62 anos, que tem causado prejuízo da ordem de aproximadamente 1 trilhão de dólares a ilha rebelde, ou a Nicarágua sandinista, que segue avançando e soberana, apesar de todos os golpes e ações criminosas que tem sofrido.

A classe trabalhadora e os povos do mundo têm sofrido duros ataques dos magnatas da comunicação. Elon Musk, um cachorro louco do capitalismo, ameaçou o presidente Nicolas Maduro, assumiu publicamente que financiou o golpe contra Evo Morales, na Bolívia, em 2019. Também disse não reconhecer a legislação brasileira, após a decisão da Suprema corte decidir por suspender a plataforma no Brasil, devido o não cumprimento da ordem legal. Na Venezuela atacaram o sistema eleitoral, pretendiam provocar uma guerra civil no país, mas a resposta do governo foi debelar os atos terroristas em poucas horas. Ainda assim o sistema eletrônico do estado Venezuela sofreu uma ação com 30 milhões de ataques cibernéticos por minuto, tudo para impedir que o resultado eleitoral fosse divulgado e se efetivasse a vitória de Nicolás Maduro. As redes sociais têm servido como armas dos fascistas a nível mundial. A pandemia possibilitou crescimento da concentração de riquezas e aumento da miséria e desigualdade. Sem nenhuma dúvida, as redes sociais são o maior perigo na atualidade: o Facebook, Instagram, WhatsApp, Twitter agora X, entre outros.



A nível global 17 países são governados pelos fascistas, em 21 países há 727 organizações fascistas, as quais atuam por meio de ONGs e institutos, financiados pelas corporações imperialistas, que controlam os EUA e subjugaram a Europa. Este continente vive uma profunda crise econômica, resultado nas políticas neoliberais, que tem usado políticos fascistas para provocarem divisão, ódio e medo na população europeia. Essa batalha contra o fascismo é global, os fascistas são uma organização do crime, financiadas e organizadas pelas corporações, que controlam todos os governos de direita no mundo e servem aos interesses dos EUA. O inimigo não é quem está ao nosso lado, o inimigo é o imperialismo, controlado pelas corporações.

No encerramento do Congresso foi fundada a Internacional contra o fascismo, resgatando a história das internacionais da classe trabalhadora. Em 1864. Karl Marx e Friedrich Engels lideraram a criação da I Internacional, quando foram lançados os fundamentos da luta proletária, a nível internacional pelo socialismo. Em 1889, criou-se a II Internacional, que não correspondeu as necessidades históricas, levando a um rebaixamento das lutas revolucionárias, porém buscando propagar o movimento de massas a nível mundial. Em março de 1919, liderada por Lenin, criou-se a III Intencional, voltada para a criação dos Estados proletários e a organização revolucionária em todos os países. Nasce agora uma nova Internacional, com a tarefa de barrar o fascismo, que nas décadas de 1920 a 1950 levou a segunda guerra mundial e deixou mais de 30 milhões de mortos, principalmente os soviéticos, responsáveis por derrotar o nazismo e libertar a humanidade. Barrar o fascismo é tarefa de todos, criar as condições para unir, organizar e travar duramente a batalha de ideias, construindo grandes mobilizações de massa, que possibilitem impedir a total destruição da vida no planeta.



O congresso contou com exposições de Manuel Pineda Marín. (España), Jodi Dean (Estados Unidos), Lucas Aguilera (Argentina), Abel Prieto (Cuba), Irene León (Ecuador), Oscar Laborde. (Argentina), Juan Carlos Monedero (España), Eugene Puryear. (Estados Unidos), Rodrigo Acuña. (Australia), Maite Mola. (España), Paloma Griffero (Chile), Valeria Duarte (Bolivia), Rafael Klejzer. (Argentina), Andrea Vlahusic. (Argentina), Alina Duarte (México), Marcelo Koenig. (Argentina), Fernando Buen Abad Domínguez (México), Alejandro Rusconi (Argentina), Javier Couso (España), María Fernanda Ruíz (Argentina), Bruno Lonatti (Argentina), Meyvis Estevez (Cuba), entre outros.

A TV Comunitária de Brasília, a Rede Internacional de Intelectuais, artistas e movimentos sociais em defesa da humanidade – Capitulo Brasil e o Comitê anti-imperialista general Abreu e Lima participaram deste histórico momento que criou a Intencional contra o fascismo, que terá sede em Caracas. Agora a tarefa é difundir e organizar a internacional contra o fascismo no Brasil.

• Pedro César Batista, jornalista e escritor, integra a TV Comunitária de Brasília, a Rede Internacional de Intelectuais, artistas e movimentos sociais em defesa da humanidade – Capitulo Brasil e o Comitê anti-imperialista general Abreu e Lima.

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