PAPEL DA MÍDIA HEGEMÔNICA E A FORMAÇÃO DO FASCISMO



Por Pedro César Batista*

O controle dos meios de comunicação de massa pelos donos do poder não é novo, sempre foi grande, teve e continua tendo papel determinante para a formação do senso comum e do pensamento coletivo de uma sociedade.

A guerra em curso na Ucrânia, entre a Rússia e os EUA e a União Europeia, ao mesmo tempo em que, reforça o controle das informações, aumentou o debate sobre a influência da comunicação, como forma, pasteuriza opiniões, define lados e manipula a verdade dos fatos. Isso fez com que os governos dos EUA impusessem uma férrea censura às informações sobre o que de fato ocorre na Ucrânia em todo o ocidente, com a proibição do acesso aos jornais russos e o bloqueio de notícias sobre a região. Somente as informações que interessam aos estadunidenses e europeus são apresentadas nos veículos de massa. “O papel da mídia no capitalismo é estratégico, conclui-se. É sempre prudente lembrar, inclusive, que a estratégia é uma ciência de conflito, guerra como extensão da política, segundo Clausewitz”(1).

INDÚSTRIA CULTURAL



A finalidade da indústria cultural é a de impor um pensamento único (2), manter o povo como uma massa disforme, servil, submissa e obediente, que reproduz e repete o programado (3), faz com que as pessoas afirmem que possuem uma opinião própria e livre, por não compreenderem que, desde a tenra infância até a mais elevada idade, valores, comportamentos, posições políticas e éticas são repassadas, o que garante o controle ideológico de uma coletividade.

“O capitalismo, através da atual globalização mercadológica, além de ditar as condições materiais do homem, ocupa agora o território subjetivo. Assim, uma vez instalado na nossa subjetividade, a rigor, o indivíduo passa a desejar, olhar e pensar de acordo com esses valores em qualquer parte do mundo. Tal fato, além de tender a levar esse indivíduo a se identificar com um modo de vida consumista (principalmente inspirado nos produtos e marcas de grandes empresas), contraditoriamente estimula também um tipo de liberdade, a qual, reduzida apenas ao mercado, aponta para uma espécie de "servidão voluntária" a ordem hegemônica.” (4)

Com a internet e a criação das redes virtuais, a sociedade se tornou mais ainda manipulável para os detentores do poder econômico e político, que as usam com muitas finalidades, entre as quais manterem uma massa de trabalhadores à disposição do mercado para prestar serviços e produzir bens, os quais, em sua maioria não são acessíveis aos seus produtores, que, em grande quantidade estão desempregados – compondo o Exército de Reserva, mas são condicionados a consumir, assim acreditam que poderão adquirir status, pois, consumir é a finalidade da existência humana propagada na sociedade burguesa. Para Adorno “a totalidade das instituições existentes os aprisiona de corpo e alma a ponto de sem resistência sucumbirem diante de tudo o que lhes é oferecido”. (5)

O Estado, controlado pelo capital, quando faz a sociedade acreditar que ao votar e dar legitimidade a uma burocracia, que tem a finalidade de criar e aplicar leis para preservar as injustiças sociais, porém, ao realizar mudanças superficiais, buscam assegurar que nada mude, sempre em nome da democracia, da estabilidade, mas essencialmente com a finalidade de impedir qualquer revolta popular e, quando esta acontecer, punir quem ousar enfrenta-los.

O capitalismo, em sua fase imperialista, com a atual globalização mercadológica, define as condições objetivas da espécie humana e mantem o controle do “território subjetivo”, levando o indivíduo a desejar, olhar e pensar tal quais os valores propagados universalmente pelos controladores do mercado. Isso leva as pessoas a se identificarem com o consumismo, o que “acreditam ser a liberdade, provocando uma espécie de ‘servidão voluntária’ a ordem hegemônica”. (6) Destaca Adorno que, a Indústria Cultural difunde uma cultura de subserviência que desarticula qualquer revolta contra o sistema capitalista. (7)

A comunicação e a indústria cultural se desenvolveram em uma velocidade supersônica a partir do computador e da internet, com a criação de instrumentos que reforçam o controle social, como nunca havia ocorrido na histórica da humanidade.

A COMUNICAÇÃO NAZISTA

O período nazista na Alemanha trouxe muitos ensinamentos sobre o controle e a manipulação dos instrumentos e práticas na comunicação, as quais se difundiram com a indústria da propaganda política que foi capaz de manipular e controlar o povo alemão e outros povos, que passaram a acreditar que eram seres superiores e tinham o direito de exterminar as demais nações, culturas e pessoas.

Quando Hitler assumiu o poder, em 1933, os nazistas controlavam menos de 3% dos 4.700 jornais alemães. A eliminação de sistema político multipartidário não apenas levou ao fim de centenas de jornais produzidos pelos partidos destituídos, mas também permitiu que o estado confiscasse gráficas e equipamento dos partidos Comunista e Social-Democrata, que com frequência criticavam diretamente o Partido Nazista. Nos meses seguintes, os nazistas estabeleceram o controle e passaram a exercer influência sobre os órgãos da imprensa independente. Nas primeiras semanas de 1933, o regime nazista posicionou o rádio, a imprensa e os curtas-metragens para provocar o medo da iminente "ascensão dos comunistas" e depois canalizou a ansiedade do povo através de medidas políticas que erradicavam a liberdade civil e a democracia". (8) Com a instalação do regime nazista, Hitler efetivou o controle dos jornais no país. A partir de 1933, foi implantada uma poderosa indústria da comunicação, com o desenvolvimento de intensa propaganda política, que fez com que em 1941, a editora do partido se tornasse a maior no país, chegando à circulação diária de um milhão de exemplares do jornal nazista Völkischer Beobachter (Observador Nacional). “Em 1935, a Alemanha se tornou a primeira nação a introduzir o serviço de televisão regular. Joseph Goebbels, Ministro da Propaganda, viu o enorme potencial desse tipo de mídia para a divulgação da propaganda nazista, embora acreditasse que a melhor opção eram as exibições coletivas como no cinema ou no teatro. (9)

Por outro lado, os governos dos EUA, Inglaterra e França não se posicionaram contra o que ocorria na Alemanha, deixaram Hitler se fortalecer com seu projeto anticomunista e antissemita para avançar em sua ação de extermínio e roubos, livremente. Para os governos ocidentais o inimigo principal era a URSS: “[…] Londres e Paris pareciam cegas para o perigo real, movida pelo interesse próprio e pelo ódio ao socialismo. Políticos míopes diziam: deixemos que Hitler faça sua cruzada anticomunista no leste. Para eles, Hitler era o mal menor”. (VOLKOGONOV, 2004:366). (10)

Em agosto de 1945, um mês antes de a Segunda Guerra findar (setembro), depois que a URSS havia derrotado a invasão nazista e ocupado Berlin, em abril desse ano, após libertar os países que haviam sido ocupados por Hitler, os EUA jogaram as bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki e mataram mais de cem mil pessoas, em segundos; outras dezenas de milhares morreram nos dias seguintes. Entretanto, a história oficial, contada pela mídia, apesar do genocídio contra civis japoneses - ocorrido no único atentado com o uso de armas atômicas, até agora, não cobra a punição, nem responsabiliza os EUA por crime de guerra. Não faz também nenhuma referência ao Projeto Manhattan, iniciado em 1940 e que produziu a bomba atômica, cujo responsável, o general estadunidense Leslie Groves revelou que o seu objetivo real estava dirigido contra a União Soviética:



“(...) creio já ser bem conhecido - que não necessitei mais de duas semanas, desde que fui encarregado do projeto, para perder todas as ilusões e convencer-me de que o verdadeiro inimigo era a Rússia e de que o projeto fora preparado sobre essa base. Não adotei, portanto, a atitude então generalizada no país de que a Rússia era um fiel aliado. Sempre alimentei suspeitas sobre a Rússia e o projeto foi encaminhado nesse espírito”. In The Matter of J. Robt. OPPENHEIMEIR, Imprensa Oficial dos EUA, Washington, 1954, apud DUTT, 1964: 48. (11)

O jornal francês Red Voltaire possui inúmeros artigos, que mostram como se posicionaram os governos ocidentais antes do início da grande guerra. O acordo de não agressão, assinado entre Stalin e Hitler, em 23 de agosto de 1939, tem bastante publicidade em livros, revistas e jornais, mas quase nada, fala sobre a aliança que se formou entre a Inglaterra, França, Alemanha e outros governos europeus, antes da assinatura do acordo entre Alemanha e URSS. Em 2008, o Parlamento Europeu chegou a criar o “um dia para recordar as vítimas de todos os regimes autoritários”, para marcar a data da assinatura desse acordo. O jornalista Michael Jabara Carley escreveu sobre a proposta do Parlamento Europeu, destacando que a data que se deve lembrar é a de quando os governos europeus assinaram acordo com Hitler, verdadeiro dia da traição aos povos, mas completamente omitido pelos veículos hegemônicos:

“Proponho 30 de setembro de 1938. Nesse dia, o primeiro-ministro britânico Neville Chamberlain e o primeiro-ministro francês Edouard Daladier se reuniram em Munique com Hitler e seu funcionário, o fascista italiano Benito Mussolini, para despedaçar a Tchecoslováquia. Tanto diplomatas tchecos quanto soviéticos foram excluídos das reuniões de Munique”. (12)

No ocidente, em 1939, há intensa divulgação do acordo assinado por Stálin e Hitler, o que possibilitou a preparação da defesa soviética e a derrota da invasão nazista. A grande imprensa ocidental esconde que esse acordo foi uma resposta ao Compromisso Franco-Alemão de Colaboração Pacífica, firmado em 6 de dezembro de 1938, pelo ministro de Relações Exteriores do Reich, Joachim Ribbentrop, e o ministro de Exteriores da França, Georges Bonnet (13), com a participação da Inglaterra e Itália.

Um artigo de Thierry Meyssan mostra também o Acordo de Munich, assinado em 30 de setembro de 1938, pelo Primeiro Ministro britânico, ‎Neuville Chamberlain, para liquidar a Checoslováquia. “O governador do Banco da Inglaterra, Montagu Norman, roubou ‎‎27 toneladas de ouro checoslovaco para ajudar a reforçar os exércitos nazis” (14), relatou a reportagem do jornalista francês. Os EUA também tiveram ações articuladas com Hitler. “Em 1940, Prescott Bush – o pai do presidente estadunidense ‎George H. Bush e avô do presidente George W. Bush– investiu nas fábricas do campo de ‎prisioneiros de Auschwitz – que se transformaria em campo de extermínio em 1942”. (15) Importante lembrar que nenhum destes governantes, que tiveram relações diretas com o nazismo, foram a julgamento pelos seus crimes, bem como tiveram seus nomes, seus atos criminosos e ligação com Hitler apagadas da história oficial pelos meios de comunicação.

Os EUA, em nome da “liberdade” e da “democracia”, em sua cruzada antissoviética, chegaram a organizar, durante os governos de Harry Truman e Dwight Eisenhower, o “Comitê Americano para a Libertação dos Povos da URSS”, que coordenou a propaganda transmitida pela Rádio Liberdade, desde Munich. Esta emissora funcionou até 2001, com forte campanha anticomunista e contra a URSS, mesmo depois que esta deixou de existir, em 1990. (16)

A indústria cinematográfica estadunidense, com intensa produção de Hollywood, que recebe investimentos bilionários, desde o fim da grande guerra tem feito intensa propaganda dos EUA e sua política. Os filmes mostram para o mundo os EUA como o libertador da humanidade, ao mesmo tempo em que, propaga que a URSS esteve no mesmo patamar que o nazismo, sendo o comunismo o grande perigo para os povos. Dezenas de países foram invadidos e bombardeados pelos EUA, que usam o discurso mostrado em filmes, livros, telejornais e nas redes sociais. Informações mentirosas sobre a Segunda Guerra Mundial e o papel estadunidense circularam e seguem de forma intensa e massiva. Bilhões de pessoas foram educadas para acreditarem que os EUA são os responsáveis pela libertação da humanidade dos crimes nazistas. Hannah Arendt chegou a comparar os crimes de Hitler com a situação vivida na URSS, sem destacar o papel desempenhado por Stálin na condução do Exército Vermelho, durante esse período da história. Não levou em conta a guerra enfrentada dentro e fora da URSS, provocada e financiada pelos países ocidentais (17). A propaganda antistalinista foi a base da propaganda contra as conquistas da URSS e o papel desempenhado por essa nação para derrotar o nazismo e Hitler.

Por 75 anos, a indústria cultural, comandada por Washington, transformou o principal dirigente da nação que, libertou a humanidade dos campos de concentração, das câmaras de gás e do extermínio em massa, em um carrasco, sanguinário e desalmado. Usou como base o relatório de Nikita Kruschov, apresentado no XX Congresso do PCUS, repetido em manuais escolares,(18) universidades e usado intensamente pela indústria cultural, fortalecida nas últimas três décadas com a criação da internet. Este relatório, foi totalmente desmoralizado por milhares de documentos disponibilizados com a abertura dos arquivos na Rússia, como mostrado por muitos pesquisadores, especialmente pelo italiano Domênico Losurdo. (19)

Há muitas publicações de outros autores ocidentais que mostram a farsa que foi o relatório Kruschev, entre os quais a Tese de Mestrado do professor baiano, Paulo Oisiovici, que pesquisou os manuais da educação primária no interior da Bahia e no Porto (Portugal), comprovando a desinformação e as mentiras sobre o papel de Josef Stalin e a Segunda Guerra Mundial, os quais são repetidos por agentes da burguesia internacional. Uns com má fé; outros, desinformados. As pesquisas que mostram a farsa do relatório do ex-dirigente da URSS não recebem o devido espaço nos veículos de comunicação de massa. Mesmo setores que se autodefinem como de esquerda, reproduzem integralmente o discurso feito pelos EUA fundamentando-se no relatório de Kruschev. Mas não é apenas Stalin que sofre a desconstrução sobre quem foi e o que fez para a construção de uma nova sociedade, onde a dignidade humana e a verdade façam parte do cotidiano de todas as pessoas. Qualquer liderança que ousa enfrentar o poder dos EUA sofre uma dura campanha de mentiras e calúnias.

A QUEDA DA URSS

Logo após a queda do Muro de Berlim, ocorreram inúmeras mobilizações que levaram ao desmonte da URSS, que provocou uma queda em série dos países do Leste europeu, que passaram a ser governados por dirigentes com fortes ligações com os EUA e iniciaram a restauração do capitalismo, impondo políticas neoliberais, destruindo as conquistas do período socialista e desmontando o Estado, que passou a ser controlado pelos interesses do mercado e da burguesia internacional. Na Rússia, Gorbachev foi substituído pelo presidente Boris Yeltsin, que se vangloriava por ter levado Mc Donalds e a Coca-Cola para a ex- URSS, mas terminou se transformando em chacota, de tanto aparecer bêbado e fazer elogios aos EUA. Gorbachev passou a viver como palestrante, contando como conseguiu destruir a maior e mais longeva experiência socialista da história. Virou um garoto propaganda do capitalismo e do mercado. (20)

Na Polônia, o líder do movimento anticomunista Solidariedade, Lech Walesa, que comandou lutas de trabalhadores na indústria naval na década de 1980 e foi vencedor do Prêmio Nobel da Paz, em 1983, assumiu a Presidência; antes, em 1978, este país teve Karol Jósef Wojtyla escolhido pelo Vaticano. João Paulo II teve papel destacado na campanha contra os governos comunistas. Primeiro, ajudou a campanha de Walesa, em seguida, Hungria e influiu na queda do Muro de Berlin, com ação destacada para propagar o ideal de “liberdade” difundido pelos EUA. (21)

Na Romênia, em dezembro de 1989 prenderam e fuzilaram Nicolae Ceausescu, então presidente desse país. Pesquisa realizada em 2014, para o jornal Adevarul, pelo Instituto Nacional para o Estudo dos Serviços e Consumo da População (Inscop), durante o 25º ano da “Revolução de dezembro 1989”, quando foi reinstaurado o capitalismo no país, em um dos quesitos perguntou qual o melhor presidente da história, “sendo escolhido Nicolae Ceausescu, com 25% de apoio, com seis pontos de vantagem frente ao seguinte, Ion Iliesco”. (22)



A Iugoslávia, em 1990, sofreu duras consequências das ondas levadas pelo ocidente para o Leste. O país foi literalmente esquartejado devido guerras internas, alimentadas pelos EUA, o que provocou a divisão do território em sete países: Bósnia - Herzegovina, Croácia, Macedônia, Montenegro, Sérvia, Eslovênia e Kosovo. Em 1999, a Iugoslávia foi bombardeada pelos EUA e OTAN, durante 78 dias, deixando dezenas de milhares de civis mortos, sob o manto do silêncio e cumplicidade da mídia e da ONU. “Contra o povo iugoslavo, foram despejadas 14 mil bombas – inclusive as de fragmentação, proibidas, e as de urânio exaurido – e 2,3 mil mísseis. Pelo menos 40 mil casas foram destroçadas ou seriamente avariadas e 20 hospitais foram bombardeados”. (23) Os meios de comunicação de massa nunca denunciaram os crimes praticados pelos EUA, União Europeia e OTAN, durante a maior guerra dentro da Europa após a Segunda Guerra Mundial.



AS MENTIRAS DOS EUA

O mundo acompanhou ao vivo a invasão estadunidense ao Iraque, em 2003. Os EUA diziam que existiam em Bagda armas químicas e precisavam destruí-las. Sem o aval das Nações Unidas, que vetou a invasão, os EUA, com apoio militar do Reino Unido, Austrália e Polônia atacaram o povo iraquiano. A imprensa mostrou imagens como se fosse uma guerra de vídeo game, sem aparecer um corpo morto ou ferido, sangue ou sofrimento, tudo como editado pelo Pentágono e Washington. “Não há contagem exata das vítimas entre os iraquianos, mas o levantamento mais citado indica mais de 170 mil mortes, das quais cerca de 80% seriam civis”, sem nunca ter sido encontrado o arsenal ou laboratórios de armas químicas ou biológicas que os estadunidenses afirmavam existir. Usaram ainda o serviço de mercenários, aos quais incumbiram prender e matar o presidente Saddan Hussein. A propaganda dos EUA fez com que o presidente Hussein se tornasse símbolo de maldade, sendo que ele liderava o país e garantia a paz e a justiça entre seu povo.

Uma ação de milhares de mercenários, coordenada pelos EUA, com a participação de ingleses e franceses, em nome da OTAN, com o comando de Hilary Clinton, após uma intensa campanha midiática, que transformou Muamar Kadhafi em um monstro, os estadunidenses destruíram a Líbia. O país, assim como o Iraque, grande produtor de petróleo, possuía uma sociedade altamente organizada e com elevado IDH, um padrão de vida de alta qualidade e foi totalmente destruído pela ação imperialista. Kadhafi foi assassinado por mercenários, que se passaram por populares líbios, segundo a mídia a serviço dos interesses dos Estados Unidos. Para a população mundial, os EUA e seus aliados da OTAN estavam libertando a população, mas para esta, o que ocorreu foi a destruição de suas organizações civis e públicas.

O povo palestino sofre, desde a invasão de seu território, em 1948, organizada pelo Reino Unido, a destruição de centenas de cidades com a expulsão de seus moradores, que enfrentam o terror imposto por Israel, ao mesmo tempo em que a mídia ocidental mantem um silêncio criminoso e desumano. Em 74 anos, são milhares de assassinatos, incluindo crianças e adultos, com a destruição de centenas de milhares de lares, que vão sendo ocupados pelos israelenses. Uma ação pensada e liderada pelos sionistas, que recebem o aval em seus crimes dos EUA e demais governos ocidentais. “Criam uma confusão conceitual, onde ser antissionista, ou seja, contrário aos crimes, à limpeza étnica e o apartheid de Israel contra palestinos, vira uma rejeição aos judeus por serem judeus. Mas é sabido que a luta dos palestinos não é contra judeus, contra as pessoas que são da fé judaica, mas contra os invasores, contra os colonizadores e contra os criminosos israelenses”. (24) Crimes que continuam impunes e seguem sendo praticados a todo instante, impondo a dor e sofrimento ao povo palestino, preso e atacado na faixa de Gaza, a maior prisão a céu aberto no mundo, sofrendo diariamente os ataques militares de Israel, que chama de terrorista quem resiste e ousa enfrentar armas modernas e poderosas de Israel, Estado este que pratica o terrorismo com sua desumanidade, assassinatos e violência contra os palestinos desde a sua criação.

ATAQUES DOS EUA NA AMÉRICA LATINA



Na Venezuela, não tem sido diferente. Desde a eleição do comandante Hugo Chávez Frias para a presidente, em 1998, tem sido realizada uma intensa campanha midiática mundial com a total inversão dos fatos.

Primeiro, tentaram ridicularizar o presidente Chávez, o que ainda se escuta por parte da direita e é repetido por alguns setores que dizem de esquerda. Em abril de 2002, a direita venezuelana, com o apoio de militares desertores, sequestrou o presidente e divulgaram que ele havia renunciado. Enquanto a mídia hegemônica divulgava a queda do governo e anunciava o novo presidente, um empresário golpista, que chegou a conceder entrevistas como presidente, a população ocupou Caracas, após um militar ter repassado a informação sobre o local onde estava o presidente sequestrado. Chávez foi reconduzido ao Palácio Miraflores.



A prematura morte do comandante Chávez devido um câncer, aos 56 anos, tem todas as características de ter sido um envenenamento, diante da agressividade da doença. A Revolução Bolivariana avançou, o povo elegeu Nicolás Maduro Moros como presidente.

Em 2013, 2014 e 2017 a oposição ligada a Washington, tentou repetir ações semelhantes às feitas na Líbia, causando mortes e destruição, com atentados armados e violentos que deixaram um saldo de dezenas de civis mortos, com a realização das “guarimbas”, enquanto propagavam que era o governo que causava a violência. Em 2018, com o uso de drones, atacaram um desfile militar em Caracas, queriam matar o presidente Maduro e outras autoridades, não conseguiram, mas feriram vários soldados.

Em 2019, com a reeleição de Maduro, não sendo reconhecida, os EUA inventaram um autoproclamado presidente, reconhecido por governos lacaios de Washington, entre os quais o Grupo de Lima. Guaidó, um deputado que não teve um voto para presidente, chegou a ser recebido em Washington, Brasília e capitais de outros países com honras de Chefe de Estado. A grande imprensa sempre deu muito espaço, fazendo efetiva publicidade do agente indicado pelos EUA presidente, enquanto caluniavam e descredenciavam o legítimo governante da Venezuela. Uma intensa campanha midiática mundial propagou que o presidente Maduro era um ditador. Discurso repetido por populares, políticos e até setores de “esquerda”.

Foram muitas as ações para desestabilizar o país com a maior reserva petrolífera do mundo. Em maio de 2020, um grupo de mercenários, contratados pela empresa estadunidense Silvecorp, agência que atuou em golpes em vários países, foi preso por pescadores, nas praias de La Guaíra, na divisa com a Colômbia, quando tentaram entra no país com a finalidade de assassinar o presidente Maduro. O contrato entre a Silvercorp e o grupo de Guaidó e os depoimentos dos mercenários foram totalmente ignorados pela grande imprensa. (25)

As sanções provocaram uma crise econômica, levando venezuelanos a saírem do país, com a mídia repetindo dia e noite o discurso de que esse povo tinha um governo corrupto, criminoso e que precisava ser derrubado. A resposta dos venezuelanos foi mais organização, união e resistência. As mais de 25 eleições realizadas na terra de Bolívar, entre 1999 e 2022, não tem valor para os EUA. A CIA seguia dando as ordens para que a grande imprensa continuasse fazendo a propaganda que Nicolás Maduro é um ditador. O que vale para os EUA é ter governos que sirvam aos seus interesses. Isto é o que eles chamam de democracia e liberdade, imposta com armas, mentiras e golpes.



A partir de 1979, os EUA financiaram ataques militares com atentados terroristas para atacar a Revolução Sandinista. A operação Irã-Contras ficou conhecida no mundo. Uma ação que os EUA usaram o tráfico de drogas e o contrabando de armas para apoiar os mercenários e contrarrevolucionários na Nicarágua. Os crimes praticados por orientação da CIA e do Pentágono causaram milhares de vítimas fatais civis e destruíram a estrutura da economia do país. Inúmeros atentados terroristas foram praticados contra o povo e o governo da Nicarágua. Este terminou por convocar eleição, a qual elegeu uma candidata, Violeta Chamorro, financiada e apoiada pelos EUA, em dezembro de 1989. Até 2006, os neoliberais estiveram no poder, quando a FSLN retornou ao governo, depois de vencer a eleição. Teve que se refazer inúmeras políticas sociais, destruídas pelos agentes dos EUA durante o período que estiveram no poder. Em 2018, para tentar impedir a eleição presidencial, os contra nicaraguenses e mercenários, coordenados pela embaixada dos EUA, realizaram ataques nas ruas, os quais deixaram quase duzentos mortos, muitos civis. Na eleição de 2021, a própria embaixada dos EUA coordenou uma ação com a contratação de centenas de mercenários para repetir os ataques de 2018, os quais foram evitados, com o governo agindo antes, prendendo e entregando a justiça os criminosos. Esta ação seria coordenada por lideranças da direita, as mesmas que sempre estiveram cumprindo as determinações de Washington. A mídia hegemônica, mais uma vez, repetiu o velho discurso contra os governos que não são serviçais do império, acusando o presidente Daniel Ortega e a vice-presidente, Rosário Murilo, de corruptos e ditadores, que impediram a oposição de participar do processo eleitoral. Em nenhum momento informaram que estavam sendo julgados pela tentativa de provocar mortes e repetir as ações terroristas de 2018, tendo recebido recursos financeiros dos EUA para executar os crimes. Também não divulgaram que a eleição de novembro de 2021 teve uma participação de 65% do eleitorado da Nicarágua, um número bem elevado, considerando as eleições dos EUA, França ou Brasil. Destes que votaram, 75% escolheram para presidente Daniel Ortega, que enfrentou cinco candidatos da oposição. Ou seja, uma eleição altamente representativa e legítima, o que não é aceito pelos EUA e seus lacaios. Infelizmente, além da direita dirigida a partir de Washington, setores de uma esquerda colorida e perfumada, repetem o mesmo discurso do imperialismo, ecoado pela grande imprensa e redes sociais.

Cuba, depois de enfrentar 62 anos de uma dura guerra midiática, simultânea a pratica de atos terroristas, sustentados por um cruel bloqueio econômico, integra a relação de países vítimas dos crimes praticados pelos EUA. A partir de Miami há uma permanente difusão de mentiras e ofensas ao povo e ao governo cubano, com a finalidade de sabotar o processo revolucionário.

A resposta cubana tem sido uma férrea unidade e organização popular, capaz de barrar os ataques sofridos e reforçar a propagação da verdade, por meio de veículos de comunicação que tem grande respeitabilidade por seu profissionalismo.

Mesmo com as grandes dificuldades enfrentadas, devido à situação econômica, provocadas por quase 300 sanções impostas pelo bloqueio econômico, a revolução cubana segue avançando em suas conquistas, com o uso da criatividade e o fortalecimento do poder popular e do socialismo no enfrentamento às ações criminosas dos EUA e seus agentes.



Com a liderança de Fidel Castro, em 1961, a revolução derrotou a tentativa de invasão estadunidense em Praya Girón, quando milhares de mercenários foram derrotados e presos pelos revolucionários. Nessas décadas, os EUA investiram bilhões de dólares em nome da “democracia” e da “liberdade” para derrubar o governo da Ilha, com massivas campanhas na mídia mundial propagando mentiras e calúnias, investindo em ações de sabotagens e muitos atos criminosos contra o povo cubano. O comandante Fidel Castro chegou a sofrer mais de 600 atentados contra a sua vida.

No final de 2021, a partir de Washington, desenvolveram uma campanha midiática em defesa dos direitos humanos em Cuba, com o financiamento de ativistas de organizações contrarrevolucionárias que repetiam fora da Ilha que não havia o devido enfrentamento à pandemia da Covid-19. Organizaram uma mobilização, a partir da cidade de San Isidro, que reuniu algumas dezenas de ativistas de direita. Uns cubanos, residentes na ilha, outros, turistas que foram com a finalidade de provocar atos terroristas, os quais praticaram atos de violência e tentaram mobilizar o povo. Usaram, a partir dos EUA, uma intensa campanha por meio da mídia hegemônica internacional, dizendo que era o povo que estava nas ruas contra o governo. Usaram fartamente fake news para mostrar que os atos realizados em Cuba eram massivos, inclusive com o uso de imagens do Egito, afirmando que era no Malecon, em Havana. A resposta dada pelo povo e o governo cubanos foi a de sair às ruas e mostrar que os contrarrevolucionários não têm espaço, nem vez na ilha. Grandes manifestações populares em apoio à Revolução e ao socialismo, lideradas pelo presidente Miguel Díaz-Cannel, foram realizadas em toda Ilha, as quais foram escondidas pela mídia. Também esconderam que Cuba produziu cinco vacinas anticovid, que foi um dos países que teve um dos menores números de mortos no mundo e um dos primeiros a vacinar quase 100% de sua população, incluindo crianças, a partir dos 2 anos de idade, contra a covid-19. Isso, inclusive, permitiu ao país abrir as fronteiras em sua totalidade, com total segurança. Ou seja, a mídia falava o oposto dos fatos ocorridos neste pequeno grande país.

O papel desinformador e de manipulação das redes e mídias tradicionais evidencia-se de forma muito clara diante do tratamento dado a dois países: Israel e Colômbia. No primeiro, mesmo atacando diariamente o povo palestino, a quem mantem encarcerado e fustigado pelos soldados israelenses, que assassinam crianças e idosos com a crueldade e desumanidade dos perversos governantes sionistas, a mídia omite os crimes de Israel, sempre colocando que este estado se defende dos “terroristas” palestinos e árabes. Uma inversão absurda, repetida pelos meios de comunicação e a poderosa indústria cultural de Israel, que propaga que as vítimas são os criminosos, os violentos. Israel rouba o território, destrói residências e cidades inteiras e assassina civis com o uso de poderosas e modernas armas, a mídia omite todos esses crimes, que seguem com a complacência e conivência dos EUA e União Europeia.

A Colômbia possui um governo ligado ao narcotráfico, apoiado por grupos paramilitares, que assassinam lideranças sociais diariamente. Os EUA mantem bases militares no país, com o argumento de que combatem a produção de cocaína, sendo na realidade agrupamentos avançados para auxiliar na perseguição e repressão aos setores populares e de esquerda. Com o processo de paz, mediado pelo Vaticano e Cuba, com a assinatura do acordo de paz em Havana, que levou à institucionalização das FARC, que se tornou um partido político, o governo não cumpriu sua parte. As lideranças das FARCs, sindicatos, movimentos sociais e camponeses têm sido assassinadas quase diariamente, sempre com a cumplicidade das forças militares estatais e o silêncio das mídias, em todo o mundo e, principalmente, na região. Durante a greve geral no final de 2021, as forças do governo usaram uma força desmedida, reprimindo com violência e o uso de forças paramilitares, que mataram e feriram centenas de trabalhadores. Nada disso circulou na mídia hegemônica, que repete o discurso preparado em Washington que mente ao falar de Venezuela, Nicarágua e Cuba.

A ONDA DE FAKE NEWS SE PROPAGA COM OS ALGORITMOS

Na atual fase histórica, a comunicação, com suas novas ferramentas tecnológicas, tem sido mais eficiente e poderosa para efetivar o controle e a formação do pensamento coletivo. Isso pode ser comprovado com a utilização das redes sociais para as eleições de Donald Trump (EUA), Victor Orban (Hungria), Jair Bolsonaro (Brasil) e o uso de bots, em 2016, durante a campanha para a saída do Reino Unido da União Europeia – Brexit. (26)

A Câmara dos Representantes EUA chegou a instalar uma comissão para investigar o papel desempenhado pela Amazon, Apple, Facebook e Google, e divulgou um relatório em que “acusa as quatro das maiores empresas de tecnologia de ter abusado de seus poderes de mercado”, as quais “têm poder demais, e esse poder precisa ser controlado e sujeito à fiscalização adequada” e “nossa economia e nossa democracia estão em risco”. (27)

Edward Snowden e Julian Assange mostraram ao mundo os crimes praticados pelos EUA ao violarem a internet, grampearem telefones e assassinarem inocentes. Por isso, os dois são perseguidos pelos EUA. O primeiro conseguiu exílio na Rússia, onde permanece, já Assange segue preso no Reino Unido, com a justiça tendo aprovado sua extradição para os EUA, onde poderá receber pena de prisão de mais de 175 anos. Tudo porque mostraram ao mundo os crimes praticados por Washington contra a liberdade de comunicação no mundo.



Em 5 de junho de 2013, “o jornal britânico "The Guardian" publicou a primeira reportagem sobre os programas de espionagem, mostrando que a Agência Nacional de Segurança coleta dados sobre ligações telefônicas de milhões de americanos diariamente e que também acessa fotos, e-mail’s e videoconferências de internautas que usam os serviços de empresas americanas, como Google, Facebook e Skype”. (28)

Os algoritmos são utilizados para observar o comportamento e os interesses dos usuários da internet, criando uma situação que influa nas necessidades e ações futuras. (29) Isto explica a política do lawfare, guerra com o uso da lei e da mídia, que tem sido largamente usado na América Latina, como foi o caso da Operação Lava Jato, no Brasil, que foi precedida com as mobilizações em junho de 2013, mesmo ano que ocorreu o golpe na Ucrânia e em outros países. Chegou a ser denominado pelos meios de comunicação hegemônicos como a continuidade da Primavera Árabe, apesar de terem mostrado ao mundo que na realidade representou um inverso, pois trouxe medo, destruição e mortes.

A partir de uma ação articulada entre as redes, com o intenso uso de fake news, formulados com a ajuda dos algoritmos, que possibilitam “um modo especial de coordenação na seleção de informações e no controle de comportamento”, (30) provocando a “filtragem personalizada de acessos à informação”, “influencia-se o comportamento decisório na absorção e, indiretamente, no processamento de informações – complementado por mensagens publicitárias dirigidas”, (31) por meio dos veículos de comunicação de massa e o reforço da indústria cultural.



A campanha poderosa feita pelas redes, que leva a imposição de valores éticos e morais, com o “controle de comportamentos impulsionado pela disponibilidade dos “Big Data”, que, por sua vez, é uma consequência da algoritmização”, (32) forma uma massa homogênea que reproduz literalmente o que é programado e pensado pelos proprietários das plataformas, os mais ricos do mundo. O discurso imposto pelas redes, com a reprodução dos demais veículos, apoiados por instituições públicas e privadas, dão sustentação à formação de valores que propagam o empoderamento individual, por meio do sucesso pessoal, que se dá essencialmente a partir da formação de consumidores vorazes, em nome de uma liberdade de ser superior aos demais, mesmo que se viva diariamente com a miséria e dificuldades resultantes da programação do sistema. Os mais ricos do planeta, para aumentarem suas riquezas, destroem nações, saqueiam povos e demonizam quem não se alinha aos seus interesses. Sempre dizem falar em nome da liberdade e da democracia do mercado, controlado por meia dúzia de bilionários, que historicamente, ao longo de séculos, matam e roubam os povos, por isso alimentam o ódio, a xenofobia e difundem mentiras contra quem os derrotou no passado ou quem ousou fazer um sistema diferente.

A RUSSOFOBIA E A CONTINUIDADE DO ANTISOVIETISMO

A ação da Rússia na Ucrânia é uma resposta à ação do Imperialismo. Em 2014, os EUA organizaram um golpe neste país, colocaram um governo serviçal, que passou a atacar as populações da região de Dombas. Foram 8 anos de ações militares, com mortes de milhares de civis, assassinados pelo próprio governo nacional. Em Odessa, chegaram a incendiar o edifício onde funcionava a sede de vários sindicatos e do partido comunista da Ucrânia. Tudo com o total silêncio das cadeias de comunicação mundial. Kiev passou a ser controlada por grupos nazistas, que tem atacado e matado seus próprios cidadãos, tudo com a orientação e financiamento dos EUA, que buscam impor sua força no mundo. Com o ingresso da Ucrânia na OTAN ocorreria uma ameaça militar direta contra a Rússia na sua fronteira. Verdadeiro objetivo dos EUA.

Por vários anos, mesmo anterior a 2014, o presidente Vladimir Putin tem feito discursos sobre as posições do governo russo, reforçando a diplomaria e o diálogo para que fossem mantidos os acordos feitos em 1990, que afirmaram que a OTAN não avançaria para leste, bem como os acordos de Minsk, que garantiria um plebiscito na região de Dombas, bem como haveria o fim dos ataques militares contra a população que buscava sua independência. Nada disso valeu, nem recebeu a devida divulgação da mídia ocidental.



Tudo isso, no lugar não foi levado em conta pelos EUA e União Europeia, pelo contrário. Investiram em armamentos e na formação de grupos nazistas na Ucrânia, por anos, os quais continuamente atacaram militarmente a população civil, em Dombas e em outras regiões da Ucrânia. Entretanto, todas essas informações são omitidas pela grande imprensa, que não fala dos crimes praticados pelo governo da Ucrânia contra seu próprio povo. Também tem sido propagado intensamente um ódio sem limite aos russos, a sua arte e cultura. Mesmo a propagação do discurso de ódio nas redes sociais contra o povo russo foi liberada. Ao mesmo tempo em que se impôs uma férrea censura às informações sobre os fatos.

Assim, como no passado, a divulgação de mentiras tem sido a regra na imprensa, bem como esconder a verdade em relação à URSS ao derrotar os nazistas na Segunda Grande Guerra. A mídia nada fala sobre o genocídio praticado em Hiroshima e Nagazaki, sobre as armas químicas que nunca existiram no Iraque, acerca da destruição da Líbia e os assassinatos em massa praticados por mercenários nesse país, a tragédia contra o povo palestino que segue com a cumplicidade do ocidente, os atentados criminosos na Síria, inclusive com armas químicas, nem sobre os golpes em dezenas de países na América Latina, os quais deixaram centenas de milhares de mortos, desde o México até a Patagônia, no Chile.

A mentira cada vez mais se apresenta como verdade de tanto ser repetida por veículos de comunicação e nas redes sociais, controladas pelos algoritmos. O mesmo se dá em relação à necessidade de se enfrentar o ressurgimento do nazismo e do fascismo, o silêncio faz parte da política para dar uma sobrevida ao capitalismo, que neste momento, de profunda crise, necessita aumentar a exploração e o roubo de riquezas, a opressão aos povos e garantir que a população se torne mais ainda massa de manobra da burguesia, fortalecer o individualismo e a apatia entre as massas. Tudo para assegurar que a meia dúzia de bilionários, que controlam os meios de comunicação, as redes virtuais e definem o uso e aplicação dos algoritmos para formar consumidos e defensores dos valores de mercado e do neoliberalismo, fiquem mais poderosas.

Quantos países a Rússia invadiu para saquear riquezas? Quantas nações a China ocupou militarmente para impor governos lacaios? Em quantas nações os países europeus sequestraram pessoas para escravizar? Quantos países sofreram intervenção militar ou na atual fase o lowfare, organizados pelos EUA? Os fatos estão aí, entretanto a comunicação, imposta pela mídia hegemônica, mente, manipula e impõe inverdades.

Por isso, derrotar o governo lacaio dos EUA, na Ucrânia, que atuam como provocadores no Leste Europeu, tem grande importância para a conquista de um mundo multipolar, de equilíbrio entre as nações, que assegure um tempo de respeito entre os povos, garantindo-lhes soberania e autodeterminação, com justiça e paz, impedindo que os nazistas e sionistas sigam com seus crimes contra a vida. O bloco de nações que não estão alinhados ao avanço da OTAN mostra que o mundo não sairá o mesmo após este confronto, pois caminhamos para a multipolaridade, com a formação de uma ampla unidade de nações contra às políticas ingerências dos EUA.

*Pedro César Batista, jornalista, poeta e escritor. Integra o Comitê anti-imperialista general Abreu e Lima, em Brasília – DF.

Notas

1 http://estrategiaeanalise.com.br/teoria/da-contra-informac%C3%A3o-ao-pensamento-%C3%BAnico-neoliberal:-conceitos-de-cr%C3%ADtica-%C3%A0-ind%C3%BAstria-da-m%C3%ADdia,420757fce1d843aa90021fac9ed9aee5+01.html Da contra-informação ao pensamento único neoliberal: conceitos de crítica à indústria da mídia
2 Idem.
3 ADORNO, T. W. Industria Cultural e Sociedade. Paz e Terra. São Paulo, 2002.
4 Artigo de Rogério Lustosa Bastos. Marcuse e o homem unidimensional: pensamento único atravessando o Estado e as instituições. Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). 2014.
5 ADORNO, T. W. Industria Cultural e Sociedade. Paz e Terra. São Paulo, 2002.
6 Artigo de Rogério Lustosa Bastos. Marcuse e o homem unidimensional: pensamento único atravessando o Estado e as instituições. Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). 2014.
7 Idem
8 https://encyclopedia.ushmm.org/content/pt-br/article/writing-the-news A disseminação da informação jornalística nazista
9 Idem.
10 OISIOVICI, P. Estaline nos manuais de Portugal e Brasil. Dissertação Mestrado Universidade do Porto, 2019.
11 Idem
12 https://www.voltairenet.org/article188894.html El día que Occidente prefiere olvidar - “Yo propongo el 30 de septiembre de 1938. Ese día, el primer ministro británico Neville Chamberlain y el primer ministro francés Edouard Daladier se reunieron en Munich con Hitler y con su amanuense, el fascista italiano Benito Mussolini, para despedazar Checoslovaquia. Tanto los diplomáticos checos y como los soviéticos fueron excluidos de las reuniones de Munich.”
13 Idem.
14 Idem
15 «Los Bush y Auschwitz, una larga historia», por Thierry Meyssan, Red Voltaire, 1º de ‎junio de 2003 e «Los sucios negocios de banqueros estadounidenses y dirigentes nazis durante la Segunda Guerra Mundial», por Vladimir Simonov, Red Voltaire, ‎‎3 de mayo de 2005.
16 https://salvemplatjapals.org/es/blog/radio-liberty-amplificando-la-libertad-des-de-la-playa-de-pals/ Las ondas de radio que combatieron el avance de la Unión Soviética
17 LOSURDO, D. Stalin. História Crítica de Uma Lenda Negra. 2010.
18 Idem VI.
19 Idem XVII
20 https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2021/04/documentario-do-e-tudo-verdade-e-requiem-para-o-ultimo-lider-sovietico.shtml Filme É Tudo Verdade e réquiem a Gorbatchov, o último líder soviético
21 https://noticias.cancaonova.com/especiais/canonizacao-joao-paulo-ii-e-joaoxxiii/o-papa-joao-paulo-ii-e-a-queda-do-comunismo/ O Papa João Paulo II e a queda do comunismo
22 https://pt.granma.cu/mundo/2014-10-15/os-605-dos-romenos-consideram-que-vivem-pior-que-na-epoca-socialista Os 60,5% dos romenos consideram que vivem pior que na época socialista
23 https://horadopovo.com.br/otan-trouxe-a-guerra-a-europa-pela-1a-vez-desde-a-ii-guerra-ao-bombardear-belgrado-em-1999/ Otan trouxe a guerra à Europa pela 1ª vez desde a II Guerra ao bombardear Belgrado em 1999
24 http://www.jornaldocampus.usp.br/index.php/2021/06/questao-israel-palestina-73-anos-de-limpeza-etnica/ Questão Israel-Palestina: 73 anos de limpeza étnica
25 https://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2020-05-11/venezuela-captura-mais-11-mercenarios-contratados-para-sequestrar-maduro.html Venezuela captura mais 11 mercenários contratados para sequestrar Maduro.
26 https://www.portaldeperiodicos.idp.edu.br/direitopublico/article/view/3647/pdf Controle do Comportamento por Meio de Algoritmos: um Desafio para o Direito. WOLFGANG HOFFMANN-RIEM
27 https://murray.adv.br/congresso-dos-eua-acusa-amazon-apple-facebook-e-google-de-monopolizar-mercado/ Congresso dos EUA acusa Amazon, Apple, Facebook e Google de monopolizar mercado
28 https://g1.globo.com/mundo/noticia/2013/07/entenda-o-caso-de-edward-snowden-que-revelou-espionagem-dos-eua.html Entenda o caso de Edward Snowden, que revelou espionagem dos EUA
29 https://www.portaldeperiodicos.idp.edu.br/direitopublico/article/view/3647/pdf Controle do Comportamento por Meio de Algoritmos: um Desafio para o Direito. WOLFGANG HOFFMANN-RIEM
30 Idem
31 Idem
32 Idem

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