Resistência no Acampamento Carlos Lamarca

A ameaça de chuva e as viaturas policiais não espantaram os moradores do Acampamento Carlos Lamarca e a solidariedade de se reunirem na manhã desta quarta-feira, 7, para reafirmarem a disposição de lutarem pelo direito à terra para morar e trabalhar.

Manoel - dirigente nacional da FNL

Aproximadamente 400 famílias, em seus frágeis barracos, no momento em que a pandemia se torna mais agressiva, receberam em 30 de março a ordem judicial, expedida pelo juiz Carlos Maroja, da Vara de Meio Ambiente do DF, que determinou aos acampados “desocuparem voluntariamente no prazo de 15 dias, sob pena de desocupação coercitiva” a área.

Pastor Severiano - dirigente da FNL

Diante da decisão, a Frente Nacional de Luta Campo e Cidade – FNL chamou organizações da sociedade civil para um ato em apoio aos acampados.

Deputado Distrital Fábio Felix (PSOL)

Bruno - Coordenador DCE - UnB

Grace - dirigente Acampamento Carlos Lamarca

A área tem muitos grileiros, sendo que um deles é o autor do pedido de reintegração de posse. A situação é tão gritante, que grileiros disputam quem tem mais força para atacar os moradores do acampamento.



A determinação judicial chama a atenção, pois há uma decisão do STF que proíbe despejos, reintegrações de posse e remoções durante a pandemia da Covid-19. Também foi aprovada pela Câmara Distrital do Distrito Federal uma lei, proposta pelo deputado Fábio Félix (PSOL), que faz parte do Plano Emergencial para o enfrentamento da Covid-19, que proíbe a remoção de ocupações e o cumprimento de ordens de despejos em áreas ocupadas, sejam regularizadas ou não. Entretanto, a ordem judicial contra os acampados do Carlos Lamarca desconsidera as normas existentes, além de ser considerada desumana, diante do atual quadro de miséria crescente, com o avanço do desemprego, o que tem agravado a pandemia e aumentado o número de mortos diante de decisões como esta. Disposição para a resistência

Deputado Fábio Felix - Presidente da Comissão de Direitos Humanos da CLDF

O ato na manhã desta quarta-feira, contou com a presença de centenas de acampados, os quais, mantendo os devidos cuidados para evitar o contágio do coronavírus, reafirmaram aos ativistas de Direitos Humanos, ao deputado Felix e aos dirigentes de organizações populares presentes na atividade, que não arredariam o pé do local para defender o direito à terra. A solidariedade presente se colocou inteiramente a favor da defesa dos acampados.


A luta pela garantia da vida, o combate aos grileiros, especuladores e aos responsáveis pela miséria crescente e pelas milhares de mortes diárias deve ser uma preocupação dos agentes públicos, que não queiram se confundir com o genocidas que exercem um crime contra a humanidade. A necessidade é assegurar as condições mínimas para superar o difícil momento, garantir moradia, trabalho, vacina para todos e um auxílio emergência que de segurança para vencer a pandemia. Os agentes públicos e a sociedade precisam se mobilizar para garantir essas condições elementares no atual momento de dor e sofrimento.



Os acampados do Carlos Lamarca, diante da falta de moradia, trabalho, vacinas e de governos que respeitem seus direitos seguirão unidos, organizados e dispostos a lutar pela garantia de que esta terra na região da Rajadinha sirva a quem necessita, não aos grileiros e especuladores. Não haverá recuo, mas sim resistência em defesa da vida, da moradia e da terra para viver e trabalhar.

Pedro César Batista.

Comentários

  1. O problema são os agentes público que geralmente defendem os interesses privados .

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