A morte não vencerá



Pedro César Batista

A morte bate à porta. Não tem quem escape de sua ameaça. A diferença é que os mais pobres seguem de porta aberta, sem recursos ou condições para evitar que sejam as principais vítimas mortíferas do covid-19, além de lhes faltarem as condições adequadas para a prevenção, muitos se deixam levar por pastores ou lideranças inescrupulosas que repassam a posição do genocida que ocupa a presidência.

Diante do quadro infernal que vivemos, resgato alguns fatos da história.

O primeiro é uma reflexão sobre Simon Bolívar. Ele teve um papel fundamental na história mundial no enfrentamento ao opressor. Seguidamente a morte o ameaçou e lhe intimidou. Ainda garoto perdeu a mãe, vítima da febre amarela, conhecida na época como febre maligna. Em seguida, o grande amor de sua vida, Maria Teresa, sua esposa também morreu com a mesma febre. Seu irmão, Juan, quando retornava depois de ter ido buscar armas para a luta pela libertação, morreu no naufrágio do barco que viajava. A companheira de guerra de Bolívar, Adela, durante os combates foi baleada e morreu; já durante a sua marcha pelos pântanos e a travessia da Cordilheira dos Andes, foi-se Pepita, uma mulher que teve grande admiração de Simón, por sua coragem e força. Perdeu amigos e companheiros na longa jornada pela expulsão dos espanhóis da Grã-Colômbia, entre os quais o general Sucre, seu grande companheiro, covardemente assassinado. Bolívar enfrentou traições, maledicências e pegou tuberculose, então sem cura. Manoela Sáenz, sua companheira, tudo fez para que ele resistisse à enfermidade e continuasse vivo para cuidar um pouco de uma vida particular. Não conseguiu. Foi-se ele aos 47 anos. Morreu jovem. Viveu um tempo de lutas, conquistas e vitórias. Libertou Granada, Colômbia, Venezuela, Bolívia, Equador e Peru. A história o identifica merecidamente como o Libertador. Um dos maiores personagens da história da humanidade, propagou a defesa da vida, da soberania dos povos, da liberdade e da dignidade. Todas suas lutas foram por liberdade aos povos.

O segundo, fruto da leitura do livro Mulheres do nazismo, de Weny Lower, mostra a ação de aproximadamente 600 mil mulheres que seguiram fielmente as orientações de Adolf Hitler. A partir da pesquisa histórica da autora comprova-se o genocídio praticadas mulheres nazistas durante a ocupação da União Soviética. Homens, acompanhados por mulheres, acreditaram que possuíam uma raça superior e tinham a obrigação de realizar uma limpeza, mataram crianças, mulheres, homens e idosos sem nenhuma piedade. A regra foi o sadismo, uma confiança cega em seus crimes e a idolatria em seu líder. O livro mostra muitos casos em que as mulheres nazistas, sem nenhuma culpa, mataram crianças com muita crueldade. Ocorreram casos de crianças serem jogadas contra muros até terem seus pequenos cérebros esmagados, enquanto elas se divertiam. Veio Nueremberg, durante o julgamento, elas, as nazistas, seguiram espalhando mentiras, negando seus crimes e acreditando que seus atos não eram necessários. Por fim, comparo os dois momentos históricos, as lutas do Libertador, Simón Bolívar, e o genocídio praticado pelos nazistas, durante as ocupações em outras nações, com o momento brasileiro.

Bolsonaro e seus seguidores agem como os nazistas. O mundo todo enfrenta a pandemia do covid-19, que já matou mais de cem mil e contaminou dois milhões de pessoas enquanto os bolsonaristas tratam a situação com ironias e cinismo. O presidente brasileiro e seus seguidores propagam mentiras, provocam o caos, agem como provocadores negando a pandemia, defendendo o fim da quarentena e colocando em risco a vida e a integridade física do povo brasileiro. Coloca em situação de perigo mortal, principalmente os milhões de brasileiros que não tem condições de fazer a higiene adequada, ficar em isolamento conforme as orientações médicas e sanitárias. Hitler inspirou milhões a matarem por crerem que eram superiores. Deixaram um rastro de sofrimento, roubos, destruição e o exemplo do que a humanidade não deve repetir. Em nenhuma circunstância.

Por outro lado, Bolívar, em sua vida, por onde passou, espalhou esperança, liberdade, dignidade e orientou os mais necessitados a se unirem para enfrentar os poderosos. Bolívar juntou os povos latinos na defesa da justiça e da liberdade.



O que tem feito Bolsonaro? Seguido os exemplos de Hitler. Seus seguidores propagam a morte, espalham mentiras e disseminam o vírus propositalmente, assim como os conspiradores fizeram com Bolívar. Bolsonaro e seus seguidores serão julgados pela história como genocidas, mas cabe-nos, agora, mostrar que somos herdeiros de Bolívar, de Abreu e Lima, de Lamarca, Marighella e tantos que se dispuseram, mesmo nos mais difíceis momentos a enfrentar os sádicos exploradores e seus sicários assassinos. Não podemos deixar os genocidas continuarem a espalhar a morte.

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