Lenha na fogueira



Lênin disse para colocar a locomotiva em velocidade máxima, logo após a revolução de outubro. A locomotiva segue. Quantas estações ficaram para trás, quantas ainda virão? A estrada é muito longínqua. A velocidade é inconstante, há serras, descidas e períodos com horizontes a perder de vista. Vem tormentas, tempos de aridez, desesperança, enfrentamo-las e seguiremos enfrentando-as, sairemos das tempestades, derrotaremos a morte, o medo e a falta de direção, recuperaremos os trilhos danificados, iludidos como se fossem aço, mas não passam de gesso, manteremos a firmeza e a direção.

A história é cruel, verdadeira, não adianta as mentiras de nazistas, fascistas e sicários milicianos, com seus vermes tentando atrasar a marcha da viagem.

Na atualidade, poucos se dispõem a colocar lenha para alimentar a fogueira, muitos carregam baldes para apagar o fogo. Quantos não vivem na frente do espelho, repetindo que acendem tochas, apenas para seus egos?

A locomotiva da história segue, seguirá. A morte, que sempre nos rondou, continuará depois de tantas perdas que enfrentaremos. Tantas já tivemos no passado, teremos mais agora. Viveremos muitos domingos sangrentos. Muitas noites de cristais. Muitas valas de Perus ou do leste europeu, onde os nazistas matavam e enterravam para tomar o" paraíso soviético". Ou na terra em que os sionistas roubam dos palestinos, assassinando crianças, que levantam bandeiras e com baladeiras desafiam mísseis e tanques.

Os vermes sempre existiram, existem e existirão. Capitães do mato, mesmo expulsos por seus chefes, seguem provocando medo e mortes. Traidores, como Joaquim Silvério dos Reis ou cabo Anselmo, seguem suas jornadas. A locomotiva avança. O tempo continua. As luzes não se apagarão. Lênin tinha total razão, é preciso colocar lenha no forno da locomotiva da história. Muita lenha, dar toda velocidade ao tempo. A morte não pode ser duradoura, nem permanente, apenas a esperança, a utopia e vida merecem ser plenas.

Pedro César Batista

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