Encruzilhada histórica

O momento histórico nacional é único. De um lado há velhas oligarquias, aliadas ao grande capital internacional e aos setores recalcitrantes da ditadura de 1964, sustentados por uma mídia criminosa e parte do judiciário e do parlamento serviçais desses grupos econômicos; do outro, as forças vivas da sociedade, responsáveis pelas principais conquistas na vida nacional, como a democracia, o avanço dos direitos e políticas sociais e das liberdades políticas após décadas de lutas, enfrentando o arbítrio e a violência dos primeiros, que tem usado a mentira, a calúnia e a violência de forma desmedida para manterem-se controlando o Estado e suas riquezas.
O momento mostra claramente de que lado cada setor da sociedade está. Mesmo havendo (des) informação massiva a serviço dos interesses de grupos econômicos, fica evidente as contradições expostas a olho nu para qualquer pessoa. Usam-se todos os argumentos para justificar os interesses em jogo.
Os privilegiados de sempre insistem em seguir mantendo os excluídos nesta condição, para isto, defendem a retirada de direitos básicos, como p.ex. o caso do presidente da FIESP ao afirmar que o trabalhador não precisa de duas horas para o almoço, afirma com sua cínica razão: “bastam quinze minutos para o intervalo de almoço, além de poder comer com uma mão enquanto com a outra pode continuar trabalhando”. Defendem o Estado mínimo, que não tenha mais a função de assegurar o equilíbrio em uma sociedade tão injusta e desigual. Querem eliminar todas as conquistas, para algumas famílias, como os Safra, os Telles, os Saverins, os Marinhos, os Diniz, os Moreira Salles, os Cutrales, os Camargos, os Caiados, os Sarneys, os Mendonças, os Liras, os Skaffs e alguns outros seguirem acumulando bilionárias riquezas às custas do sangue e do suor de operários, operárias e trabalhadoras do campo. Propagam que é preciso dedicação, pois somente assim cada um poderá ter seu próprio negócio e vencer na vida.
Todas essas mentiras são disseminadas para milhões de homens e mulheres que vieram das senzalas e das colônias agrícolas, das favelas e das periferias, obrigados a assistir cotidianamente campanhas ideológicas e discriminadoras através da mídia. Para a maioria da população que usa a rede pública de saúde, da educação, dos transportes públicos e terminam sendo violentados em seus mais elementares direitos, entre os quais o da segurança, pois as polícias quando agem é para agredir e violentar os humildes, visando dar a segurança aos oligarcas que seguem acumulando riquezas. Essa maioria da população recebe diuturnamente uma carga de mentiras como um verdadeiro bombardeio atômico, que destrói a identidade, os sonhos e a esperança.
O momento histórico pode significar uma encruzilhada. Barrar o impeachment, preservar e ampliar as conquistas obtidas após décadas de lutas, construir uma unidade das forças populares e de esquerda para enfrentar a situação poderá impedir que as forças reacionárias e fascistas assaltem o governo e retomem a perseguição aos que ousam se rebelar e combater por outra sociedade, justa e livre, que assegure a efetividade dos direitos de todos os trabalhadores e trabalhadoras.
O risco de retrocesso é enorme, não basta realizar manifestações – que precisam ser cada vez maiores, é preciso criar as condições para que a população entenda que as classes abastadas não abrirão mãos de seus privilégios, cabendo aos trabalhadores e trabalhadoras avançar em suas conquistas. Inevitavelmente essa luta se aprofundará, seja qual for o resultado das disputas institucionais que estão ocorrendo.
A essência da burguesia e do capitalismo é a exploração cruel da classe trabalhadora e das camadas populares, o que exige a disposição e coragem para superar os erros cometidos, fazer a autocritica necessária, construir uma plataforma que contenha os pontos elementares para formar uma frente unitária de luta em defesa dos direitos, da democracia e para barrar o fascismo.
Entender a realidade, as causas que impõem essas contradições, organizar a resistência e avançar na luta, é uma necessidade histórica para quem combate o bom combate. Não há outro caminho.

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