O que não fazer? - Parte I
O
que não fazer?
Por Pedro César Batista
Parte I
Lenin, em sua genialidade revolucionária, publicou, em
1902, a obra O que fazer ?[1],
apontando as contradições entre aqueles que lutavam para construir o partido
revolucionário e os que priorizavam as lutas econômicas, sustentou que o
espontaneísmo e não elaboração de tática e estratégia para o trabalho da
organização terminava por servir aos interesses contrários aos trabalhadores,
ao proletariado e as camadas populares. Denunciou o discurso manipulador de que
na democracia não existia mais a luta de classes. “Estamos rodeados por todas
as partes de inimigos, e teremos que marchar quase sempre sob seu fogo”[2].
Suas palavras parecem que foram escritas para os dias atuais, quando falar em
revolução e construção da sociedade comunista, para muitos, pode ser
considerado uma alucinação ou loucura. Lenin destacou a importância e o papel
que um jornal pode ter como um organizador coletivo, ajudando a propagar as
ideias e conceitos organizativos para a luta popular.
Passou-se mais de cem anos desde a publicação desse livro,
- atual e que precisa ser relido, com um novo olhar -, e que, no limiar do
século XXI, com o surgimento de novas categorias produtivas e o fortalecimento
do capitalismo em sua fase mais desenvolvida, que tem conseguido enraizar seus fundamentos
na alma da população, assim insistindo em justificar uma concentração de
riquezas a nível planetário em um nível tão elevado, cruel e criminoso, com as
85 pessoas mais ricas do mundo possuindo um patrimônio equivalente a 3,5
bilhões de habitantes[3],
os mais pobres, a metade da população do planeta[4].
Esse controle é assegurado ainda por um grupo de 10 empresas que controlam mais
de 90% das marcas de produtos consumidos em todos os países[5],
muitas de origem sionista, financiando a propagação de mentiras em todo o
mundo. Essa fase imperialista, como não se tinha visto antes na história da
humanidade, confirma a previsão, feita por Marx, da formação de monopólios, o aumento
da exploração do trabalho e da acumulação da mais valia[6].
Logo antes da Revolução de Outubro, em julho de 1916, Lenin escreveu apontando
o imperialismo como a fase superior do capitalismo, que seria a fusão do
capital financeiro com o industrial e, na atualidade, o agrícola, com a
formação de grupos econômicos que dividiriam o mundo conforme seus interesses.
Lenin apontou que nessa fase o capital financeiro adquiriria uma importância de
primeira ordem, conforme verificamos nos dias atuais. Diante desse quadro que
propaga o consumo e o mercado como deuses onipresentes e invencíveis, por todos
os continentes existem organizações e grupos de resistência, que combatem e
lutam contra o poder do capital e a sua imposição ideológica, econômica e
militar, o qual usa todos os meios, abertos ou subliminares, para manipular e
cooptar organizações e militantes da luta pela emancipação humana. Diante desse
quadro há aqueles que mudaram de lado, traindo as camadas populares e a luta
das classes trabalhadoras, passando a servir aos senhores donos do capital. Por
isso, ao escrever O que não fazer? fazendo
o contraponto com a atualidade ao escrito por Lenin, tenho a finalidade de contribuir
com a discussão para o debate que aponta a necessidade histórica da construção
de uma frente das forças populares e revolucionárias e a elaboração de um
programa mínimo de lutas, que crie as condições para reforçar a bandeira da
dignidade e da emancipação humana, capaz de enfrentar o conformismo, o
oportunismo e a negação histórica da luta, propagada pelos donos do capital e
seus serviçais.
A luta dos trabalhadores e das camadas populares em todo
o mundo enfrenta muitas dificuldades, especialmente no Brasil, quando há um
ascenso de forças fascistas e reacionárias, sustentadas pelos equívocos de
setores da esquerda, que abandonaram a frente de batalha depois de chegar ao
governo, burocratizando-se e se aliando a setores conservadores, em nome de uma
governabilidade que em nada alterou as estruturas do país, assim como,
sustentando e desenvolvendo velhas práticas fisiológicas da direita e oligarquias.
Em O que não fazer? relaciono alguns
tópicos que considero necessários para retomar o estudo e a luta, contribuindo
para reforçar a caminhada, voltando a mobilizar e sensibilizar a classe
trabalhadora e as camadas populares em torno do ideal revolucionário e
comunista. .
Obs. Continua.
[1]
Que fazer? Problemas candentes de nosso movimento. 1902. Obras escolhidas de
V.I. Lenin em três tomos, volume 1. Moscou. URSS. 1960. Este livro desempenhou
importante papel na luta pela criação de um partido marxista revolucionário da
classe operária da Rússia
[2]
Idem.
[3]
http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2014/01/metade-da-riqueza-do-planeta-pertence-1-dos-habitantes.html
[4]
Idem
[5]
http://economia.terra.com.br/coca-nestle-e-mais-8-empresas-controlam-499-produtos-confira,9d5eaa9e00322410VgnVCM4000009bcceb0aRCRD.html
[6]
Marx, Karl. O Capital. Crítica de economia política. 1872.
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