Acusado de matar sindicalista vai a júri

Pedro Laurindo da Silva tinha 46 anos em 2005. Não constava na macabra lista de marcados para morrer que desde os anos 80 passou a existir no sul e sudeste do Pará.

Mesmo assim, na manhã do dia 17 de novembro de 2005 denunciou estar sendo ameaçado. A ameaça foi cumprida à noite. Oito anos depois, o autor dos disparos volta a julgamento em Marabá. O pistoleiro Valdemir Coelho de Oliveira senta no banco dos réus hoje (quarta-feira) em Marabá.

Eram 19h30 quando o pistoleiro Valdemir encontrou Laurindo. O sindicalista caminhava em direção ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Marabá. Participava de um seminário promovido pela Sociedade de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH).

O seminário tratava justamente da questão da violência e da proteção aos direitos humanos. Laurindo tinha acabado de jantar e se dirigia ao STR onde estava hospedado. Recebeu dois tiros nas costas de um revólver calibre 38. Valdemir Coelho de Oliveira foi preso em flagrante.

Laurindo denunciou no seminário ameaças de morte recebidas por liderar um grupo de famílias que exigiam a desapropriação da Fazenda Cabo de Aço, ocupada à época por cerca de 150 famílias num acampamento batizado de Zumbi dos Palmares, distante 70 km do centro de Marabá.

O assassinato ocorreu no mesmo dia. Mesmo preso em flagrante, Valdemir permaneceu apenas um ano na prisão e foi colocado em liberdade. Foi preso uma segunda vez por outro crime, mas também se encontrava em liberdade.

À época do crime, a Fetagri (Federação dos Trabalhadores na Agricultura) informou que a fazenda estava sendo negociada com o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), mas o valor da desapropriação do imóvel não havia sido definida.

No depoimento dado ao ser preso, quando confessou o crime, Valdemir argumentou que tinha comprado de Laurindo 20 hectares de terra por R$ 500, mas Laurindo não teria entregado a propriedade nem devolvido o dinheiro. Ao ser assassinado, o sindicalista deixou uma viúva grávida de seis meses e mais três órfãos.

Fonte: Diário do Pará

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