49 anos do golpe militar de 1964 – uma ação organizada pela CIA



Por Pedro César Batista

No dia primeiro de abril de 2013 completa-se 49 anos que os militares brasileiros assaltaram o poder no Brasil com um golpe, apoiado, planejado e financiado pelos EUA, conforme fica mais evidente a cada dia com a quantidade de informações que se tornam disponíveis.

No início da década de 60, logo após a renúncia de Jânio Quadros da Presidência da República, as forças de direita tentam de todas as formas impedir que o vice-presidente, João Goulart, tome posse. Chegaram a implantar o parlamentarismo, derrotado em plebiscito onde 80% da população garantiu o presidencialismo.

Na eleição de 1962, o Instituto Brasileiro de Apoio à Democracia – IBAD, organização criada pelo governo norte-americano no Brasil, investe fortunas para eleger uma bancada contra as mudanças que Goulart, com o apoio do povo, começava a realizar. Lincoln Gordon, embaixador dos EUA no Brasil, desenvolveu tranquilamente todas as ações em território brasileiro, devidamente articuladas com o presidente norte-americano, John F. Kennedy, que deu a sustentação necessária que culminaria com o golpe de 1 de abril de 1964.O absurdo é tamanho que o general Castelo Branco foi escolhido pelos EUA para ser o primeiro ditador de 64, seus pares nem opinaram.

O resultado desse triste dia foi 21 anos de arbítrio, prisões, torturas, exílios, mortes e perseguições a todos os brasileiros e brasileiras que ousaram defender as liberdades políticas e os direitos elementares da cidadania. Não bastasse o arbítrio, nesse período as terras, as riquezas e a produção nacional mais se concentraram nas mãos de poucas pessoas, brasileiros ou estrangeiros.

Decorrido 49 anos muitos civis que serviram aos militares golpistas continuam no poder, agora com discurso democrático, uns, como José Sarney, aliados aos novos governantes, outros, mais cínicos, transformaram a ARENA no atual DEMOCRATAS, usando mais uma vez esta palavra, como fizeram durante a ditadura, alegando falar em nome da democracia impuseram o autoritarismo, o fascismo, a escuridão e a morte.

Aproxima-se meio século dessa triste data, que precisa ser conhecida por toda a população brasileira. É preciso saber sobre os milhares de prisões arbitrárias, a falta de liberdade e de democracia, a imposição do terror como norma de Estado contra o povo, além do entreguismo despudorado de nossas riquezas aos interesses do governo dos EUA. É preciso saber que os militares brasileiros se prestaram ao sujo serviço de organizar e atuar na Operação Condor, que não somente apoiou os golpes militares no Uruguai, Paraguai, Bolívia, Peru, Chile e Argentina, mas ajudou a perseguir, prender, torturar e matar os combatentes pela liberdade que ousaram enfrentar esses governos militares títeres dos EUA. A Operação Condor atuou em todos esses países perseguindo, prendendo, torturando e assassinando. Tudo isso não pode ser esquecido.

Não basta a lembrança, para que não mais exista um período de escuridão como foram essas décadas no Brasil e nos países vizinhos, é preciso que os responsáveis pelas mortes e torturas sejam identificados e devidamente julgados, assim como está sendo feito na Argentina, Uruguai e Chile. Lugar de torturador e de assassino é na cadeia.

Por fim, assistir o filme O dia que durou 21 anos, dirigido por Camilo Tavares, se torna uma necessidade para compreender como o golpe de 1964 foi preparado e organizado pelos EUA, que destacou seus serviçais para atuarem no Brasil. Não podemos aceitar que tapem a história com uma venda construída em conchavos das elites, que usam e abusam da mentira e da falsidade para impedir que possamos fazer do Brasil uma verdadeira nação, onde homens e mulheres sejam livres e dignos do seu passado e donos do seu destino.

1 - Foto: John F. Kennedy e Lincoln Gordon
2 - Fonte: O dia que durou 21 anos, de Camilo Torres.

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