FETAGRO repudia criminalização da luta pela terra

A luta pela terra é uma das bandeiras mais antigas do movimento sindical dos trabalhadores e das trabalhadoras rurais. O desejo de que haja avanço da reforma agrária ampla e massiva em nosso país é a mola propulsora das ações dos trabalhadores rurais em busca de justiça social, e do combate à violência no campo.

Com o passar do tempo e com a desigualdade na distribuição de terras, a exemplo da tomada de posse de terras públicas por latifundiários, as lutas foram se complexificando e se ampliando no que diz respeito aos direitos de cidadania às populações rurais sujeitas a várias formas de exclusão social.

Com esse entendimento, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Rondônia (FETAGRO), tem atuado há 19 anos pela descriminalização da luta pela terra. Com a mesma concepção, os Sindicatos de Trabalhadores Rurais do Estado têm trabalhado em uma parceria fiel.

Como entidades representativas dos trabalhadores rurais, apoiamos e desenvolvemos ações para organização e sustentação de assentamentos de trabalhadores rurais sem-terra. Mas sempre pensando e agindo com responsabilidade.

A FETAGRO, assim como os sindicatos filiados, visando sempre à conquista da terra, mas prezando pelas vidas dos trabalhadores, vem acompanhando a realidade dos conflitos agrários na Região Sul do Estado de Rondônia. É nessa região que se concentra a maioria dos conflitos agrários, tendo estes, ganhado a cada dia uma proporção ainda maior. Também é no Cone Sul rondoniense que se encontram a maior parcela de terras públicas na mão do latifúndio, chegando a aproximadamente 150 mil hectares de terras, que poderiam estar recebendo a política da reforma agrária.

Uma situação que retrata isso é o desfecho parcial da luta dos trabalhadores rurais acampados em terras da União, localizadas no município de Chupinguaia, ocupadas pela fazenda Caramello, tido no dia 05 de março com a deflagração da Operação Gaia I, e a prisão do sindicalista Udo Wahlbrink, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Vilhena/Chupinguaia e do vereador Roberto Ferreira Pinto.

São 40 famílias acampadas naquelas terras, intituladas de Acampamento Àgua Viva, iniciado em 2005, e que desde esse período até hoje vem sofrendo varias reintegrações de posse, enquanto tramitam na Justiça Federal ações que discutem o domínio sobre as terras pretendidas. Mesmo sendo esta propriedade do Estado Brasileiro e tendo o INCRA ingressado Ação de Retomada na Justiça Federal, por meio do Processo nº 2006.4100.000.912-4, a Justiça Estadual tem concedido posse ao fazendeiro, que se diz proprietário, aumentando cada vez mais os conflitos.

O direito dos trabalhadores de produzir e viver no campo está sendo cerceado em detrimento do latifúndio. E, por isso, reafirmamos que a luta por aquelas terras é justa e exercida de forma organizada. Às vezes mais aguerrida por causa da omissão do Estado Brasileiro que ao invés de destinar suas terras para reforma agrária, permite que estas sejam invadidas pelo latifúndio.

O sindicato de Vilhena tem tido uma atuação exemplar no enfrentamento ao latifúndio e aos conflitos agrários, coordenado pelo presidente Udo Wahlbrink, firmando também uma forte parceria com a Comissão Pastoral da Terra (CPT). Essa ação organizada tem levado Udo Wahlbrinck a receber diversas ameaças, que já foram informadas às Polícias Militar e Civil, por meio de boletins de ocorrências, e também a Polícia Federal por meio de reunião com a antiga delegada e com o atual delegado de Vilhena. A FETAGRO também oficializou tais denúncias por meio de ofícios encaminhados a Secretaria de Segurança, Defesa da Cidadania de Rondônia, Secretaria Especial de Direitos Humanos e Ouvidoria Agrária Nacional.

É desta forma que tem atuado o Sindicato de Vilhena/Chupinguaia, orientando o acampamento e fazendo denúncias necessárias, visando sempre à conquista da terra. Mas prezando pelas vidas dos trabalhadores.

Diante da certeza de que o presidente do Sindicato não oferece impedimento à ordem pública, como argumentado no despacho do Mandado de Previsão Preventiva de nº 20/2012, repudiamos tal medida. Mas afirmamos que as ações do presidente Udo Wahlbrink, assim como de todo Movimento Sindical dos Trabalhadores Rurais, tem sido de reivindicação ao direito a terra, a qualidade de vida e o fim da desigualdade social.

A FETAGRO e os 39 sindicatos de trabalhadores rurais filiados lamentam profundamente as ações e acusações da Operação Gaia I, por compreender que a mesma confirma que a voz dos trabalhadores não está sendo ouvida e ainda criminaliza a luta pela terra. Na oportunidade também solicitam que os governos federal e estadual, por meio dos órgãos competentes, façam uma intervenção no Cone Sul rondoniense, por entender que a situação chegou a um patamar inaceitável em um estado democrático e de direito.

CUT- Rondônia é contra prisão de presidente da FETAGRO

Neste sentido repudiamos a ação policial que tenta criminalizar o movimento sindical rural em Rondônia

A Central Única dos Trabalhadores – CUT-RO, vem se solidarizar com todos os trabalhadores e trabalhadoras rurais de Rondônia nessa luta pela terra, por entender que é através da reforma agráriaefetivamente implementada neste país que eliminaremos os conflitos agrários, e consequentemente a violência no campo, assim sendo, garantir maior produção de alimentos, e os trabalhadores rurais terão direto de viver com dignidade.


A prisão do presidente do sindicato dos trabalhadores rurais de vilhena e Chupinguaia, Udo Wahlbrink e do vereador Roberto Ferreira Pinto, é inaceitável, pois remonta a época em que o Brasil vivia Estado tatalitário quando a força do governo intervia nas entidades representativas dos trabalhadores para impedir a sua ação sob falsos segmentos de supostas ameaças de atos ilicitos.
Neste sentido repudiamos a ação policial que tenta criminalizar o movimento sindical rural em Rondônia.

Autor: Assessoria Fetagro

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