Guarani-Kaiowá realizam marcha pelo fim da violência contra os povos indígenas

Por Adital

Amanhã (30), quase duas semanas após o assassinato do líder político ereligioso Nísio Gomes, no acampamento Tekoha Guaiviry, no município de Amambaí,Mato Grosso do Sul, Brasil, os Guarani-Kaiowá percorrerão a rodovia MS 386, entreAmambaí e Ponta Porã, para pedir o fim do genocídio contra os povos indígenas.A manifestação, que terá início entre 7h e 8h no Posto Taji, acabará no acampamentoonde Nísio foi morto no último dia 18. São aguardadas cerca de 500 pessoasentre indígenas e integrantes de movimentos sociais.

A marcha tem como principal exigência investigações rigorosas para oassassinato de líder indígena e a prisão dos mandantes e executores do crime.Os indígenas também querem que a investigação comece de imediato e que aindaneste ano sejam apresentados resultados palpáveis.

De acordo com o indígena Kuararê, a manifestação será pacífica e buscarámostrar que os Guarani-Kaiowá querem o fim da violência e a execução de seusdireitos.
“Esta manifestação foi chamada principalmente pelos rezadores, poisestamos precisando fazer rituais para apaziguar a situação de violência. Nossaideia é mostrar que os Guarani-Kaiowá não são violentos. Na cultura do MatoGrosso do Sul dizem que nós somos violentos, mas não somos. Foram os não -indígenas que mataram covardemente uma liderança nossa. Ainda não estamosfazendo nada para sermos chamados de violentos. Só queremos o que é nosso”, manifestou.

Em São Paulo também haverá manifestações. Às 19h desta terça-feira (29)será realizado um ato contra o genocídio do povo Guarani Kaiowá. A atividade –uma iniciativa de organizações sociais e estudantis – acontecerá no Pátio daCruz da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, em Perdizes.

Os organizadores do ato de solidariedade estão pedindo aos queparticiparem da manifestação que levem roupas, principalmente para as crianças,pois boa parte das vestimentas dos indígenas foi queimada durante o ataque dospistoleiros ao acampamento Tekoha Guaiviry. Informações atualizadas sobre esteato podem ser acompanhadas no link: http://www.facebook.com/events/282168788492294/.

O Instituto Socioambiental (ISA) também está engajado nesta luta. Noúltimo dia 21, o ISA divulgou uma carta aberta ao ministro de Justiça, JoséEduardo Cardozo, solicitando apurações rigorosas das violências cometidascontra os indígenas e o fim do genocídio no Mato Grosso do Sul. A carta estavaassinada por centenas de pessoas e organizações que apoiam a causa.

Contexto

No último dia 18, por volta das 6h30, pistoleiros mascarados efortemente armados invadiram o acampamento Tekoha Guaiviry e tiraram a vida do líderNísio Gomes. O cacique foi assassinado com vários tiros de calibre 12 nosbraços, pernas, peito e cabeça. Além de matar, os pistoleiros levaram consigo ocorpo de Nísio. Três crianças também foram levadas e estão desaparecidas até omomento. No mesmo dia, outras pessoas ficaram feridas por tiros com balas deborrachas.

Este ataque faz parte de uma sucessão de atos violentos contra osindígenas do estado. De acordo com o Relatório de Violência contra os PovosIndígenas em Mato Grosso do Sul, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi),entre os anos de 2003 e 2010 ocorreram 253 assassinatos de indígenas no estado.Grande parte dos casos está relacionada à luta por terras.

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