Semana Social Brasileira: refletindo o papel do Estado. 17o Grito dos Excluídos

Por Adital

A 5ª SemanaSocial Brasileira está propondo para a sociedade uma ampla e profunda análise sobre o papel do Estado. Esta preocupação já marcava as semanas sociais anteriores, contudo, disseminada nos temas propostos e nos concernentes. Na proposta atual, a reflexão sobre o Estado é central e compreende também odebate sobre a origem do Estado, do lugar que ocupou na história e que temocupado no atual contexto.

Em relação à temática recordamos os eventos propostos por ocasião do dia 7 de Setembro,data que assinala a Independência do Brasil. De um lado tínhamos os desfilesoficiais protagonizados pelas escolas públicas, militares, representantes dogoverno e grupos civis. De outro lado vimos os diferentes grupos sociais caminhando e apresentando o seu grito, seu protesto, suas reivindicações emnome do sonho de um país verdadeiramente onde se tenha vida para todos.

A marcha contra a corrupção no Brasil,realizada em Brasília e em outras localidades no dia 7 de setembro, assinalava a indignação dos grupos contra práticas corruptas nos poderes públicos, amplamente divulgada pela imprensa desde os primeiros mesesdo ano. As frases escritas nos cartazes e as palavras pronunciadas revelavam umgrau de indignação contra esta prática disseminada nos órgãos de Estado. Cabeuma séria reflexão sobre as questões levantadas por esses eventos.
Nesse sentido, o Grito dos (as) Excluídos (as) traz uma proposta de colocarmos no centro do debate a questão ambiental, aliada os clamores pelos direitos decidadania historicamente sonegados, ao mesmo tempo em consonância com aCampanha da Fraternidade 2011 – “Fraternidadee a Vida no Planeta”, com o lema “A criação geme em dores departo” (Rm 8, 22).Em algumas cidades o Grito dos (as) Excluídos (as) pautou com mais insistênciaas demandas sociais próprias, demandas plenamente justificáveis pela carência deum Estado mais eficaz na perspectiva de supri-las: a problemática da moradia,do acesso à educação, à segurança pública, a violência no campo.
Estas demandas permanecem na pauta do Grito dos Excluídos não por gosto pessoal dos organizadores, mas por que revelam a incapacidade do Estado em resolvê-las, assim afetando a vida de milhares de pessoas. Antes de ser uma bandeira dos grupos sociais, são necessidades fundamentais não resolvidas que cobram uma resolução.E, felizmente, essas bandeiras de lutas ainda estão na pauta das pastorais emovimentos sociais-populares organizados, visto que desde alguns anos para cá,cobrar do Estado não tem mais sido uma ação frequente de algumas ONGs epartidos políticos.

Nas semanas anteriores Brasília acolheu a Marcha das Margaridas e dos Trabalhadores Rurais, como parte do processo de aglutinação das forças sociais e de construção de um mutirão por um novo Brasil, para nós, um momento que faziaparte de um importante momento. Porém, sobre as marchas, o que foi noticiado pelamídia foi que essas iniciativas perturbavam o trânsito de Brasília. Essa mesma mídia detentora dasinformações não divulgou a preocupação dos manifestantes por melhorias de vida e reforma agrária, como tambéma situação das mulheres trabalhadoras rurais, seus direitos e o endividamento dosagricultores familiares devido à ausência de uma política agrícola voltada à área.

Não queremos avaliar a quantidade de participantes, nem muito menos avaliar a plataforma organizativa de ambos, queremos enfatizar que a sociedade está alertando para algo muito grave queacontece no Brasil e que exige práticas e posturas sérias, cuidadosas. Comotambém está dizendo que o povo é capaz de contribuir para um Estado onde todospossam viver bem. Não esquecendo ainda que as temáticas trazidas pelo Grito dosExcluídos 2011 estão diretamente relacionadas com o Estado e seu papel na sociedade, assim denunciando as omissões quanto às demandas da população empobrecida e o enfrentamento da corrupção.

Portanto, existe uma necessidade de criarmos espaços de discussões tendo como interlocução geradora o “Estado que queremos”. Este debate tem certa urgência,primeiro pela tarefa dos cidadãos -própria da democracia- em discutir uma instituição que deveria nos representar; segundo pelo fato de esta instituiçãoter perdido a dimensão de estar a serviço de toda uma Nação, especialmente dosgrupos mais necessitados. Nessa linha, refletir o papel do Estado na atual conjunturaimplica num compromisso com a sua construçãofundada nos princípios da realdemocracia assumindo o papel de facilitador da cidadania plena do bem viver. Paracontribuir neste importante mutirão de reunião das forças, através dos atoressociais será realizada a 5a Semana Social Brasileira, para com elabuscarmos afirmações e propostas para um “Estado que queremos”

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