Pistoleiro envolvido em milícia vai a júri inédito no Paraná

21/7/2011

Jair Firmino Borracha é acusado de ter assassinado o trabalhador rural Eduardo Anghinoni, confundido com o irmão, líder do MST


Da ONG Terra de Direitos

No dia 27 de julho acontecerá, em Curitiba, a sessão do tribunal do júri que poderá punir pela primeira vez um caso de milícia privada no campo. O assassinato de Eduardo Anghinoni ocorreu em Querência do Norte, noroeste do Estado, em 1999, e envolveu a atuação de milícias armadas, patrocinada por fazendeiros e políticos locais para despejar, ameaçar, torturar e assassinar trabalhadores rurais sem terra.

Eduardo Anghinoni foi morto por engano, quando visitava seu irmão, Celso, uma das principais lideranças do MST no Paraná. O acusado do crime é Jair Firmino Borracha, pistoleiro contratado por uma "empresa de segurança", que chegou a ser preso durante as investigações do caso. No momento de sua prisão, Borracha empunhava uma arma contra os policiais e um exame de balística comprovou que desta arma saíram os tiros que mataram Eduardo.

Apesar dos indícios e das testemunhas, o acusado nunca chegou a cumprir pena. Diversos artifícios usados nos trâmites do Judiciário fizeram com que, mesmo depois de 13 anos, o caso permaneça sem resolução. O principal objetivo do júri é definir se Borracha foi ou não quem disparou o tiro que matou Eduardo, e, assim, finalmente por fim à impunidade deste assassinato.

Para as organizações e movimentos que acompanham o caso, a morte de Eduardo Anghinoni não se trata de um episódio isolado. Ocorrido no auge das perseguições contra o MST no Paraná, este assassinato é mais uma das peças de um complexo mosaico de ilegalidades e violências, motivado pela impunidade e ausência do Estado brasileiro.

Campanha - Até 27 de julho, a ONG Terra de Direitos trará a cada dia uma nova abordagem sobre a realização do júri dos acusados do assassinato de Eduardo Anghinoni. Veja as atualizações no site http://terradedireitos.org.br

Comentários