Pesquisador diz que paz no campo depende do fim do latifúndio

O pesquisador Paulo Fonteles Filho, representante do Instituto Paulo Fonteles e integrante do Grupo de Trabalho Araguaia, defendeu o fim do latifúndio para promover a paz no campo. Segundo ele, nos últimos 20 anos, só no Pará, 700 trabalhadores, religiosos, advogados e ativistas políticos foram assassinados, mas menos de 3% dos mandantes desses crimes foram levados a julgamento.

Na opinião de Fonteles Filho, que participa de comissão geral no Plenário da Câmara para discutir o aumento da violência e da impunidade no campo, é preciso federalizar os crimes de latifúndio para resolver o problema. “O aparato estatal do Pará está ligado ao latifúndio e procura criminalizar os que lutam pela paz no campo”, acusou, citando estudo da OEA sobre impunidade no Brasil, que teria sido feito no início do ano 2000 e revelaria que, via de regra, os judiciários estaduais advogam para os interesses dos grandes proprietários de terra.

Vontade política

Carlos Walter Porto Gonçalves, professor da Universidade Federal Fluminense e representante da Comissão Pastoral da Terra, chamou a atenção para o aumento de conflitos no campo no período de 2003 a 2009, de acordo com estudo de sua autoria.

Segundo ele, isso se deu porque também passaram a ser assassinados ocupantes tradicionais de terra, ou seja, não só assentados e sem-terra. Gonçalves acha que isso demonstra falta de política na ocupação das terras por parte do governo. “Decretar o uso de índices de produtividade rural para desapropriação seria, isso sim, demonstrar vontade política de resolver o problema”, ressaltou o professor, alertando para o fato de a violência no campo não ser apenas caso de polícia.

http://www2.camara.gov.br/agencia/noticias/DIREITOS-HUMANOS/198285-PESQUISADOR-DIZ-QUE-PAZ-NO-CAMPO-DEPENDE-DO-FIM-DO-LATIFUNDIO.html

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