Trabalhadores rurais ainda esperam por justiça

por Redação com Divulgação

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26/11/2010 10:45)

Há cinco anos, no dia 29 de novembro de 2005, o agricultor e dirigente estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na região de Atalaia (45km de Maceió), Jaelson Melquíades voltava de uma reunião no então acampamento Ouricuri 3 – hoje assentamento Jaelson Melquíades. A ida para o assentamento Timbó, para o almoço com sua mãe, foi interrompida por volta das 14h quando foi abordado por dois pistoleiros. Testemunhas lembram que os dois homens já rondavam a região desde cedo, fingindo problemas com a moto e parando aqui e ali. Quando acertaram o primeiro tiro, Jaelson caiu da moto, indefeso para os outros 4 disparos que seguiram. Com pelo menos um tiro na cabeça, o Sem Terra morreu e seus algozes fugiram.


Cinco anos depois do mais recente assassinato de um líder político no campo alagoano, a impunidade indigna os camponeses em todo o Estado. O mandante nunca foi condenado e os pistoleiros que executaram Jaelson continuam soltos. Este não é o único crime sem resposta contra trabalhadores rurais que lutam por seu direito à terra. Outros casos de lideranças camponesas assassinadas continuam impunes, como a morte de Chico do Sindicato há 15 anos, José Elenilson há 10 anos e Luciano Alves (Grilo) há 7 anos.


Desde 2006, o dia 29 de novembro entrou para o calendário em Alagoas como o Dia Estadual de Luta Contra a Violência e a Impunidade no Campo e na Cidade. Uma semana de mobilizações deve iniciar na manhã desta segunda-feira (29) com um ato-denúncia e celebração religiosa, próximo à rodoviária no centro de Atalaia. No mesmo dia, milhares de trabalhadores chegarão a Maceió para uma vigília de fé em memória dos mártires da luta pela Reforma Agrária, simbolizando a esperança das cerca de 10 mil famílias do MST em Alagoas na punição dos culpados pelos crimes.

Lutar não é crime

Na Zona Rural de Atalaia, no local onde houve a emboscada dos pistoleiros a Jaelson, os educandos da Escola Nacional de Formação do MST, que ocorre no Centro de Formação Zumbi dos Palmares, inauguraram na tarde desta quinta-feira (25) um monumento em homenagem a este lutador que tombou na esperança de ver a terra dividida entre seus irmãos.

Esta realidade em Alagoas não retrata fatos isolados do resto do país. Para o MST, "a realidade cruel do campo brasileiro exibe a face mais truculenta da elite fundiária no país: segundo dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), de 2009 até julho de 2010 já se contabilizam 20 assassinatos de trabalhadores rurais e um total de 96 ameaças de morte a lideranças camponesas".

"A luta por Reforma Agrária é a saída encontrada por milhões de trabalhadores excluídos do acesso aos direitos fundamentais, como alimentação, saneamento, educação, saúde etc. Acreditando que o fim do latifúndio no Brasil abre um novo horizonte de geração de trabalho, soberania alimentar e desenvolvimento para as comunidades, as famílias Sem Terra se organizam para a participação social, pressionando o poder público para que efetive os direitos que lhes são garantidos na Constituição", afirmam os representantes do movimento de trabalhadores rurais.

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