MST inicia jornada contra violência em Alagoas

Fernando Vinícius - arquivo aquiacontece.com.br


http://www.aquiacontece.com.br/index.php?pag=alagoas&cod=3546

Ampliar fotoHá exatos cinco anos, o agricultor e dirigente estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na região de Atalaia, Jaelson Melquíades era assassinado por dois pistoleiros. O crime ocorrido no dia 29 de novembro de 2005 continua impune e desde 2006, a data entrou para o calendário em Alagoas como o Dia Estadual de Luta Contra a Violência e a Impunidade no Campo e na Cidade.

Jaelson Melquíades voltava de uma reunião no então acampamento Ouricuri 3, hoje assentamento batizado com seu nome. Melquíades ia para o assentamento Timbó, almoçar com sua mãe, visita interrompida por volta das 14 horas, quando o líder foi abordado por dois pistoleiros. Testemunhas lembram que os dois homens já rondavam a região desde cedo, fingindo problemas com a moto e parando aqui e ali. Quando acertaram o primeiro tiro, Jaelson caiu da moto, indefeso para os outros 4 disparos que o executaram à queima-roupa.

No local onde houve a emboscada, os alunos da Escola Nacional de Formação do MST, que ocorre no Centro de Formação Zumbi dos Palmares, inauguraram um monumento em homenagem a este lutador que tombou na esperança de ver a terra dividida entre seus irmãos.

Impunidade

Cinco anos depois do mais recente assassinato de um líder político camponês em Alagoas, a impunidade persiste. O mandante nunca foi condenado e os pistoleiros que executaram Jaelson continuam soltos. Infelizmente, a morte de Jaelson Melquíades não é a única contra trabalhadores rurais que lutam por seu direito à terra que permanece sem resposta. Outros casos continuam impunes, como a morte de Chico do Sindicato há 15 anos, José Elenilson, há 10 anos; e Luciano Alves (Grilo) há 7 anos.

A realidade cruel do campo brasileiro exibe a face mais truculenta da elite fundiária no Brasil. Dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) mostram que, de 2009 até julho de 2010, 20 trabalhadores rurais foram assassinados, com registro de 96 ameaças de morte contra lideranças camponesas.

Semana de mobilização

Em 2010, uma semana de mobilizações começa na manhã desta segunda-feira (29) com um ato-denúncia e celebração religiosa, próximo à rodoviária no centro de Atalaia, município distante 45 km de Maceió. Ainda hoje, trabalhadores rurais chegam a Maceió para uma vigília de fé em memória dos mártires da luta pela Reforma Agrária, simbolizando a esperança das cerca de 10 mil famílias do MST em Alagoas na punição dos culpados pelos crimes.

Como consequência das mobilizações em prefeituras por todo o Estado, o MST aproveita sua passagem por Maceió para realizar na tarde desta segunda-feira uma audiência com a Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), na intenção de encaminhar coletivamente as demandas infra-estruturais da Reforma Agrária nas cidades do interior.

Também estão previstas audiências com representantes do Governo do Estado e reuniões com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para debater e encaminhar demandas de crédito, assentamento de famílias e mais verbas para a política agrária no país.


por Redação com Assessoria

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