Polícia do Arruda espanca manifestantes pacíficos



Uma multidão se reuniu hoje na Praça do Buriti, sede do poder no Distrito Federal, para manifestar o seu repúdio à roubalheira mostrada pelos vídeos gravados pelo X9 da gang que está controlando o governo em Brasília. Participaram partidos, sindicatos, movimentos de mulheres, estudantil, jovens, direitos humanos, ambientalistas, ciclistas, etc.

O ato público estava morno, apesar do forte sol, com os oradores fazendo o discurso conhecido, contra a corrupção e coisas e tal. Inclusive representantes de partidos envolvidos em atos de corrupção, daquilo que ficou conhecido como mensalão, participavam do evento. Um ato sem alma, sem vida e que não possuía a garra da resistência contra essa falta de ética e respeito à coisa pública.

Foi quando centenas de jovens ocuparam o Eixo Monumental entre o carro de som da CUT e o Palácio do Buriti. A presidente da CUT, Rejane Perati, por várias vezes pediu que a avenida fosse desobstruída. Mas aqueles que estavam sobre o caminhão não tinham o controle nem representavam os manifestantes, incluindo os que resistiram por cinco dias dentro da Câmara Distrital.

Primeiramente saíram, liberaram algumas pistas da via. Em seguida, após realizarem um trenzinho, com todos cantando “Arruda na Papupa PO no xilindró”, deixando a polícia completamente desnorteada ocuparam novamente a via em frente ao Tribunal de Contas. A Polícia já demonstrava uma exasperação nas atitudes. Novamente os ocupantes da avenida desobstruem a via e passam para a pista do lado oposto, em frente ao Tribunal de Justiça. Ali ficaram por quase uma hora.

Foi quando a cavalaria da PM avançou sobre os manifestantes que estavam sentados no asfalto. Foi assustador. Imagens que não vivi, mas pude ver nos registros do tempo da ditadura. Novamente estávamos ali sendo atacados pela cavalaria, agora eles defendiam um grupo de ladrões.

Enquanto isso o ato oficial dos partidos e centrais sindicais encerrou-se com a dispersão de seus militantes. Uma parte destes engrossou a ocupação pacífica da avenida. As lideranças principais, deputados e dirigentes desapareceram. Sumiram.

Ao mesmo tempo, os jovens que acabavam de sofre uma agressão se reagruparam, fechando novamente a pista. Foi de uma riqueza valiosíssima a coragem e a disposição dos manifestantes. A polícia atacava e o grupo se dirigia para a outra pista, quando se decidiu, após uma assembléia que a manifestação seria continuada na rodoviária. Para lá se dirigiram entre o gramado das avenidas do Eixo Monumental.

Novamente a PM ataca de forma covarde e selvagem, com uma violência desmedida, utilizando bombas de gás, balas de borracha, cavalaria e choque. Uma correria desesperada. No entanto a resistência foi maior, os manifestantes recuaram e ocuparam novamente em frente ao TJDFT, foi quando a cavalaria atacou pela última vez. Espancaram adultos, jovens, crianças, ninguém escapou. Tudo isso para que o chefe da gang e seus apaniguados não saiam do governo. A polícia no lugar de prender ladrões atacou os manifestantes que lutam por democracia e justiça. A ditadura agora é dos corruptos, que no dia Nacional combate a Corrupção espancam aqueles que querem transparência e zelo com a coisa pública.


Pedro César Batista, jornalista

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