Uma escola de fascistas



Os programas policiais são bem pensados e elaborados, com todos os detalhes minimamente pensados e construídos, visando formar protofascistas, inimigos da vida, da dignidade e dos direitos humanos, legiões de estúpidos e reacionários, que sempre babarão em busca de sangue e para poderem satisfazer sua sede de vingança a qualquer oportunidade.

Pedro César Batista

Os programas policiais veiculados na televisão cumprem um papel deformador na sociedade, formando pessoas violentas, que acreditam que se deve ter como regra o desrespeito aos direitos humanos e garantir a força dos mais fortes, como meio de dar segurança à população. Estes programas são veiculados principalmente no horário de almoço e antes do jantar, quando as famílias estão reunidas, levando a cada lar imagens de criminosos sendo humilhados, violentados ou achincalhados por policiais ou pela população enfurecida, buscando fazer justiça com as próprias mãos.

Nesses programas é comum ver pessoas que praticaram algum ato criminoso, após serem presas, sofrerem agressões físicas e humilhações, com os cinegrafistas pegando imagens que ressaltam a força da polícia e de quem está subjugando o acusado de pratica criminosa. Os delinquentes, assaltantes ou assassinos ao serem presos e colocados nas grades dos camburões ou levados para as delegacias são mostrados como animais que precisam ficar enjaulados e sofrerem a crueldade do Estado.

Mesmo existindo normas, que deixam claro que qualquer acusado, mesmo se preso em fragrante, independente de qualquer crime, tem direito a defesa e a um julgamento, de acordo com a legislação, os programas policiais realizam a condenação e execração pública de acusados por crimes, muitas vezes em programas mostrados ao vivo e em cadeia nacional de televisão.

Os atos da polícia e da imprensa não respeitam as normas que tratam de julgamentos, muito menos do direito a defesa ou de direitos humanos, porém, os casos mostrados são de acusados pobres, pretos e moradores da periferia. Quando o acusado é branco ou rico, morador de áreas nobres ou detentores de poder econômico ou político o tratamento sempre é diferenciado. Inclusive o STF chegou a proibir o uso de algemas, após a prisão do banqueiro Daniel Dantas, uma lei que não chegou até o momento aos presos comuns.

Com essa propaganda de violência realizada de forma ostensiva, incentiva-se de forma cruel a violência entre as pessoas, passando a ideia de que é preciso fazer justiça com as próprias mãos e que a polícia está correta ao expor a forma dura e violenta com que se trata os presos. Significa que estes programas não apenas humilham os presos, vai além, realiza uma campanha educativa e de formação de pessoas para que não respeitem as leis, os direitos humanos e se tornem futuros assassinos e criminosos. A parcela da população mais influenciada é a pobre, que passa a despejar toda o sofrimento e dificuldades dos baixos salários, péssimas condições de vida e trabalho contra os seus iguais, considerando que os ricos são os melhores, pois conseguiram vencer na vida, enquanto os pobres são pessoas derrotadas, que não venceram as dificuldades.

Os programas policiais são bem pensados e elaborados, com todos os detalhes minimamente pensados e construídos, visando formar protofascistas, inimigos da vida, da dignidade e dos direitos humanos, legiões de estúpidos e reacionários, que sempre babarão em busca de sangue e para poderem satisfazer sua sede de vingança a qualquer oportunidade. Esses programas criaram essa massa estúpida que esta por ai, que votou em um candidato homofóbico, racista, misógino e machista, capaz de defender que se arme a sociedade para que cada um resolva com suas próprias mãos os conflitos, matando se for necessário, pois o que importa é dividir e alienar os mais necessitados, que aplaudirão a violência e os jornalistas áulicos do fascismo.

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